A União Europeia autorizou a venda de farinha de grilo Acheta domesticus, parcialmente desengordurado, em todo o bloco, em decisão publicada na Gazeta Oficial. A medida entra em vigor 24 de janeiro.
A Comissão havia pedido, em 8 de julho de 2020, para que a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) fizesse uma avaliação sobre o tema e, em 23 de março de 2022, a EFSA deu um parecer científico sobre a segurança tanto da farinha parcialmente desengordurada como do inseto inteiro – este último, não liberado pelo Executivo.
Por um período de cinco anos, a iniciar do dia em que a regra entrar em vigor, apenas a empresa Cricket One Co Ltd está autorizada a comercializar a farinha no mercado da UE, salvo em caso de algum novo fornecedor obter autorização para tal alimento.
No entanto, após o anúncio, o partido da premiê italiana Giorgia Meloni, o Irmãos da Itália (FdI), se manifestou criticando a decisão.
“A introdução do grilo em pó como alimento na UE faz parte do desenho voltado a destruir as nossas tradições alimentares, a excelência da dieta mediterrânea e do Made in Italy. É desolador ver que perante às crises econômico-energética, diplomáticas e políticas, a Europa só se mantenha com medidas que beiram a loucura, como a regulamentação dos insetos como alimentos”, disse a deputada do FdI e vice-presidente da Comissão de Agricultura na Câmara, Maria Cristina Caretta.
A representante ainda afirmou que “para nós, o futuro da alimentação é outro, baseado no território, tradição e qualidade e, seguramente, vamos lutar para defender isso”.
Pouco depois, o vice-premiê e ministro da Infraestrutura e Transporte, Matteo Salvini, falou sobre a decisão por meio de sua conta nas redes sociais. “Farinha de grilo.. não, obrigado.
“Se alguém na Europa gostar de comer insetos, que o faça, mas para meus filhos eu prefiro os sabores e os perfumes da nossa terra e os defendo”, escreveu.
Quem também se manifestou foi a maior confederação de agricultores da Itália, a Coldiretti, que publicou uma pesquisa em que aponta que 54% dos italianos são contrários a inclusão de insetos na alimentação. Outros 24% são indiferentes e apenas 16% favoráveis.
“Para além da normal contrariedade dos italianos em relação a produtos muito distantes da cultura nacional, a chegada às mesas dos insetos levanta questionamentos de caráter sanitário e de saúde aos quais é necessário dar respostas, esclarecendo sobre os métodos de produção e sobre a proveniência e rastreabilidade considerando que a maior parte desses produtos vêm de países fora da UE, como Vietnã, Tailândia e China”, diz a Coldiretti em nota.
Além do Acheta domesticus, a associação lembra que a UE também já autorizou a venda a larvada-farinha amarela (Tenebrio molitor) e do Gafanhoto-migratório (Locusta migratoria).