
O Instituto Nacional de Estatística da Itália (Istat) apontou que a taxação anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos europeus poderá ter grandes efeitos nas exportações italianas.
Ao mesmo tempo, a União Europeia tenta não entrar em pânico com o cenário imposto pelo presidente americano, Donald Trump, que ameaça impor uma tarifa de 200% sobre vinhos e espumantes europeus.
“Em 2024, mais de 48% das exportações da Itália se deu fora da UE, cota superior à alemã, francesa e espanhola. Entre os principais parceiros comerciais, os EUA absorveram aproximadamente 10% das vendas externas da Itália e mais de um quinto das vendas de produtos italianos destinados a mercados não europeus”, informou o Istat durante análise sobre o andamento da economia do país.
O instituto lembrou ainda que em 2024, devido à guerra entre Rússia e Ucrânia e ao enfraquecimento da economia da Alemanha, a Europa “ofereceu uma contribuição negativa com o crescimento” do mercado internacional, ao obter resultados negativos no setor automobilístico, de produtos químicos e farmacêuticos, “que depois da pandemia da Covid-19, voltaram a índices normais”.
No entanto, de acordo com estimativas da Organização Mundial de Comércio (OMC), “a tendência negativa deve se inverter e a Europa poderá atingir um resultado positivo nas exportações e importações mundiais em bens de volume”, ainda que “haja riscos causados por atritos comerciais internacionais e a uma possível escalada das tensões geopolíticas”, comentou o Istat, citando as “políticas protecionistas principalmente dos EUA” como um dos maiores riscos.
Sobre isso, o presidente americano, que colocou em vigor uma taxação de 25% ao aço e alumínio de todos os países e ameaçou impor uma tarifa de 200% aos vinhos e espumantes europeus, a UE lamentou o caso, mas sem entrar em pânico.
“Devemos saber distinguir o que realmente acontece, como nas taxações sobre o aço e o alumínio, e o que são ameaças”, declarou o porta-voz da Comissão Europeia, Olof Gill.
Sobre as ameaças de Trump aos vinhos e espumantes do bloco, Gill pede que o republicano “revogue imediatamente as tarifas que já impôs e desista de colocar outras, porque não beneficiam ninguém”.
Em meio a uma possível guerra comercial entre EUA e UE, a alta representante da UE para Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, afirmou que a China poderá se beneficiar do cenário.
“Quem ri de fora é a China, que está se beneficiando da guerra comercial entre EUA e Europa”, declarou Kallas na reunião do G7 no Canadá.
Mas segundo a porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, “não existem vencedores em um confronto tarifário e comercial”.
“Tanto os EUA como a UE são economias importantes no mundo e têm responsabilidades para manter o sistema comercial multilateral ao centro da OMC, ao invés de transferir conflitos [para Pequim]”, rebateu Mao a fala da europeia.