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Silvio Berlusconi diz que audiência ocorrida no Tribunal de Milão foi “perda de tempo”

O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, declarou que o tempo em que passou na audiência no Tribunal de Milão sobre o caso Mediaset foi uma "perda de tempo" e levantou suspeitas de manipulação das provas usadas contra ele. 

"Eu passei uma manhã surreal no limite do inverossímil, uma perda de tempo paradoxal com o dispêndio de esforços que gritam por vingança", disse Berlusconi aos jornalistas ao sair do Tribunal. 

Hoje foram ouvidas as primeiras testemunhas, todas as três da defesa, sobre o caso em que o premier é acusado de irregularidades na compra de direitos televisivos do grupo midiático Mediaset, do qual é dono. A primeira testemunha a depor foi Paola Massia, ex-colaboradora do produtor cinematográfico americano Frank Agrama, que também é apontado no processo. 

Massia trabalhou com o produtor entre 1986 e 1987 e afirmou na audiência que vendia produtos também para a Rede Itália, por meio de Carlo Bernasconi, gerente do grupo. Segundo a ex-funcionária, quando Bernasconi negociava com ela, "conversava com uma pessoa" que, segundo ela, seria Berlusconi. 

No entanto, ela negou que o premier italiano fosse "sócio oculto" de Agrama, ao responder a uma pergunta do advogado de defesa do produtor, Roberto Pisano. "Até quando eu estava lá, não era [sócio]", sentenciou Massia. 

O chefe do Governo italiano definiu como "o absurdo dos absurdos" a tese da acusação segundo a qual ele seria o sócio oculto do produtor. Berlusconi disse que, segundo a Procuradoria, "eu teria sido sócio de Agrama com 50% e teria que pagar 50% desse montante para a Mediaset". 

A segunda contradição, apontou o premier, é que "se um empreendedor descobre que seu chefe de gabinete superfatura" as aquisições de direitos, ele não é louco de deixá-lo no comando dessas operações". Ele indicou que, se o chefe dos direitos de compra da Mediaset tivesse superfaturado os preços, como alega a acusação, ele teria sido demitido. 

Berlusconi lançou críticas à audiência ao sair do Tribunal, afirmando que ouviu algumas testemunhas e que saiu "com uma sensação dramática de perder tempo". "Tudo é nulo porque não há uma prova, não há um documento e um testemunho de transferência de dinheiro para apoiar a tese do ministério público que, que é apenas fruto da sua fantasia", comentou. 

O chefe do Conselho de Ministros da Itália também desferiu críticas e acusações contra o uso de interceptações telefônicas no processo, defendendo que "aquilo que se diz ao telefone em um país livre e democrático é inviolável". Em "um país sério", para Berlusconi, "as interceptações não são utilizadas, muito menos publicadas nos jornais". 

O premier sustentou que as interceptações telefônicas "são absolutamente manipuláveis" e "não têm nenhuma confiabilidade" e não podem então ser usadas como prova. Segundo ele, as gravações podem ser editadas e as vozes, imitadas. Apesar de levantar suspeitas, Berlusconi negou que estivesse acusando a Procuradoria de Milão de ter cometido irregularidades com as interceptações. 

Esta foi a segunda audiência do processo em que o Tribunal de Milão julga a compra e venda de direitos de transmissão de filmes americanos por parte da Mediaset. A Procuradoria acusa a empresa de ter aumentado artificialmente os preços dos direitos para desviar fundos em contas no exterior.

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