
Sem debates programados na televisão, os líderes dos principais partidos da Itália participaram de um fórum organizado por industriais em Cernobbio, às margens do concorrido Lago de Como, e ficaram frente a frente pela primeira vez na campanha eleitoral.
O evento reuniu a deputada de extrema direita Giorgia Meloni (Irmãos da Itália), favorita à vitória nas eleições de 25 de setembro, e seus aliados na coalizão conservadora: o também ultranacionalista Matteo Salvini (Liga) e o moderado Antonio Tajani (Força Itália, partido de Silvio Berlusconi).
Também participaram os ex-premiês Enrico Letta (Partido Democrático) e Giuseppe Conte (Movimento 5 Estrelas), além do ex-ministro do Desenvolvimento Econômico Carlo Calenda (Ação). À exceção de Conte, que discursou por videoconferência, todos os candidatos dividiram a mesma mesa no fórum, sendo que cada um teve 10 minutos para falar livremente.
O principal tema do encontro foram as sanções contra a Rússia, já criticadas em várias ocasiões por Salvini, acusado por seus adversários de ser simpático ao regime de Vladimir Putin e que, um dia antes, culpara a União Europeia pelo encarecimento do custo da energia no bloco.
“Não é que dizemos que você [Salvini] é amigo de Putin porque acordamos mal nesta manhã, mas sim porque você foi ao Parlamento Europeu com uma camiseta de Putin e disse que trocaria dois Mattarellas [presidente da Itália] por meio Putin”, declarou Calenda, líder da chamada “terceira via” de centro entre a coalizão de direita e o PD, de centro-esquerda.
Letta, por sua vez, afirmou que as palavras de Salvini arriscam provocar um “dano gravíssimo à Itália”. Meloni, que é aliada do ex-ministro do Interior na aliança de direita, mas disputa com ele a liderança da coligação, deixou claro que não vai mudar a linha adotada por Roma até o momento.
“Se a Itália se afasta de seus aliados, não muda nada para a Ucrânia, mas muda para nós. Se a Ucrânia cair e o Ocidente perecer, a vencedora não será só a Rússia, mas também a China. Estamos decidindo nossa posição, nosso futuro e nossa credibilidade”, afirmou a deputada, que segue em sua cruzada para tentar conquistar a confiança dos mercados.
Já Salvini tentou recuar de suas declarações sobre as sanções, porém com ressalvas. “Sigamos adiante com as punições para o agressor, mas protegendo nossos trabalhadores. Não me rendo a quem entra com tanques em outro país, mas me pergunto se aquilo que estamos fazendo serve para prejudicar quem queremos prejudicar”, disse.
O ex-ministro do Interior ainda assegurou que seu modelo “não é a Rússia”. “Eu quero democracia e liberdade.
A única coisa que peço é que os trabalhadores italianos não paguem o preço de frear a Rússia”, acrescentou.