
O ex-ministro do Interior da Itália Matteo Salvini pediu para o governo italiano imitar a medida anunciada pela Espanha, que prevê a mobilização de 200 militares adicionais para reforçar o controle da fronteira com Marrocos, depois da entrada ilegal de cerca de 6 mil migrantes na cidade espanhola de Ceuta em um dia.
“A Espanha (com governo de esquerda) posiciona o Exército nas fronteiras para impedir entradas ilegais. Aguardamos notícias do Ministério do Interior”, escreveu o líder do partido ultranacionalista Liga no Twitter sobre o desembarque recorde de migrantes. Ministro do Interior entre junho de 2018 e setembro de 2019, Salvini endureceu as políticas migratórias do país com a instituição de dois “Decretos de Imigração e Segurança”, conhecidos como “Decretos Salvini”.
Entre as medidas, estava a restrição de estadia na Itália por motivos humanitários, multas que chegavam a 1 milhão de euros para ONGs que navegassem sem permissão nas águas territoriais do país e prisão em flagrante de comandantes de embarcações que desafiassem autoridades nacionais.
Os “Decretos Salvini”, no entanto, foram revogados logo após a Liga deixar a coalizão governista, com o Movimento 5 Estrelas (M5S), e que dava apoio ao então premiê Giuseppe Conte.
O político de extrema direita, inclusive, será julgado por impedir na época o desembarque de cerca de 150 migrantes salvos pelo navio da ONG espanhola Open Arms.
Nos últimos dias, o território de Ceuta, um enclave da Espanha no Marrocos, recebeu 6 mil imigrantes ilegais, o que fez o governo espanhol reforçar o contingente na cidade. Ao todo, foram enviados 200 militares, 150 polícias nacionais e 50 guardas civis para complementar os 1.100 efetivos que habitualmente se encontram na região.
Além disso, de acordo com o ministro espanhol do Interior, Fernando Grande-Marlaska, 2.700 pessoas já foram devolvidas para Marrocos.
Por causa da crise migratória, com números de chegadas recordes, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou o cancelamento de uma viagem programada a Paris e seguiu para o enclave.
O líder espanhol aumentou a pressão diplomática sobre Rabat e prometeu “restaurar a ordem” em Ceuta. “Agiremos com firmeza diante de qualquer desafio e circunstância”, afirmou Sánchez, classificando a situaçã como uma “grave crise” para a Espanha e a Europa.