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Salvini com Berlusconi, M5S com PD: As negociações na Itália

O líder do partido de extrema-direita Liga Norte, Matteo Salvini, sinalizou a possibilidade de uma coalizão com a legenda de centro-direita Força Itália (FI), do ex-premier Silvio Berlusconi, na formação de um novo governo italiano. “Peço a Berlusconi e a Meloni [Giorgia, do partido Irmãos da Itália] de irem além da velha centro-direita”, disse Salvini em uma entrevista ao diário “Il Giornale”. “Nas próximas horas, encontrarei Berlusconi e Meloni e irei propor um pacto”, anunciou. A Itália vive desde a semana passada um clima de instabilidade política devido ao racha entre a Liga Norte e o Movimento 5 Estelas (M5S), de Luigi di Maio, que formavam o governo italiano desde junho de 2018. Com a aliança entre M5S e Liga Norte desfeita, a Itália tem duas possibilidades nesse momento. A primeira é que o atual primeiro-ministro, Giuseppe Conte, apresente sua renúncia imediatamente. A segunda, e mais provável, é que enfrente uma moção de desconfiança no Parlamento. Se receber o aval dos parlamentares, Conte pode continuar no cargo, mas com uma nova configuração do governo, de caráter institucional, técnico ou de transição. Sem o apoio, ele deve se afastar e o presidente Sergio Mattarella decidirá se convoca novas eleições. Analistas políticos previam que Salvini tentaria compor um governo sozinho, mas o político nacionalista sinalizou uma abertura ao Força Itália e ao Irmãos da Itália, uma aliança que, se concretizada, garantiria uma maioria sólida ao expoente da Liga Norte.

Já o M5S ameaça um flerte com o esquerdista Partido Democrático (PD), do ex-primeiro-ministro Matteo Renzi. No entanto, divisões internas em ambos os partidos travam as negociações. O líder do M5S, Luigi di Maio, anunciou que não quer “se sentar à mesa com Renzi”, mas não excluiu totalmente a chance de se aliar ao PD sem a participação do ex-premier. Já o secretário do PD, Nicola Zingaretti, deixou claro ser contrário a uma aliança com os grillinos. “Todo o Partido Democrático nestes últimos longos meses excluiu qualquer hipótese de acordo com o M5S”, escreveu Zingaretti em seu blog no “Huffington Post”. Durante o governo do PD, o M5S foi um dos maiores opositores. Já Renzi, por sua vez, não descarta sair do partido e fundar um novo movimento, o qual já teria até nome, “Ação Civil”, que tentaria compor um novo governo sem convocar eleições.

Nesse ponto, Di Maio e Renzi concordam. Ambos alegam que realizar eleições no segundo semestre causaria prejuízos à Itália, atrapalhando a agenda parlamentar, que prevê a análise a votação de temas sensíveis, como o orçamento. Um pleito em outubro, como o cogitado por fontes políticas, faria com que a Itália ficasse estagnada até 2020. Agenda: Tem sido tratada como “o dia mais quente” do ano para a legislatura italiana. Em plena semana do feriado de “Ferragosto”, o maior da Itália, os líderes de partido no Parlamento se reuniram para decidir o calendário político. De acordo com fontes locais, ficou estabelecido que o primeiro-ministro Giuseppe Conte terá que comparecer ao Senado no dia 20 para enfrentar a moção de desconfiança. Porém, o calendário acordado hoje, sem consenso dos líderes dos partidos, só valerá se for aprovado em plenário pelo Senado.

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