
O prazo para a apresentação de uma oferta final era 21 de novembro, mas o consórcio liderado pela estatal Ferrovie dello Stato (FS) não conseguiu chegar a um acordo para colocar sua proposta na mesa.
O grupo de potenciais compradores também incluía a americana Delta Air Lines, o Ministério da Economia e das Finanças e a holding italiana do setor rodoviário Atlantia, que acabou desistindo na última hora.
“No momento não temos nenhuma solução de mercado. Estamos avaliando diversas opções com atenção. Não é uma prorrogação do consórcio que estava sendo formado, esse caminho não existe mais”, disse o ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Stefano Patuanelli, nesta terça-feira (26).
Segundo ele, a Alitalia é “muito grande para ser pequena, e muito pequena para ser grande”. “O mercado tem dificuldade de aceitar seu tamanho”, acrescentou. O ministro ainda disse que é preciso garantir os postos de trabalho, mas ressaltou que a companhia não pode continuar sendo um “buraco negro do caixa do Estado”.
Não está descartada a hipótese de uma reestatização da Alitalia. “Estamos avaliando alternativas”, afirmou o primeiro-ministro Giuseppe Conte.
Histórico
Ex-companhia aérea de bandeira, ou seja, controlada pelo Estado, a Alitalia foi privatizada e hoje tem 51% de suas ações nas mãos da holding Compagnia Aerea Italiana (CAI) e 49% com o grupo árabe Etihad Airways.
A segunda maior acionista da CAI é a estatal de correios Poste Italiane (com 19,48% de participação), que entrou no capital da Alitalia por causa de outra crise de liquidez, em 2014. Já a Ferrovie dello Stato, que liderava o consórcio de compra, é controlada totalmente pelo Ministério da Economia.
Após ter ficado à beira da falência no início de 2017, a empresa sofreu uma intervenção do governo, que fez empréstimos públicos que totalizam mais de 1 bilhão de euros para garantir sua sobrevivência. O dinheiro seria restituído quando a companhia aérea fosse vendida, algo que não está mais no horizonte de curto prazo.
Roma chegou a negociar com grupos como Lufthansa e EasyJet e o fundo americano Cerberus Capital Management, além de Delta e Atlantia, mas as tratativas nunca avançaram até o fim. Um dos entraves é o plano de demissões na Alitalia: a Lufthansa, por exemplo, queria fazer um corte de 6 mil funcionários, mais da metade do total.