O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, e a chanceler alemã, Angela Merkel, tiveram uma "discussão" acalorada durante a reunião de líderes do Conselho Europeu. Entre os temas que mais causaram discórdia estavam as questões financeiras e aquelas relacionadas à imigração.
"Cara Angela, você não pode dizer que está doando seu sangue para a União Europeia", disse o premier em referência às ajudas financeiras alemãs a países do continente. Segundo ele, os alemães também compraram terrenos na Grécia durante a crise do país e isso não seria um ato de generosidade.
De acordo com Renzi, em um dos maiores pontos de divergência entre os dois governo, é preciso que "de cabeça erguida, peçamos que a Europa mude, que busque mais crescimento, que esteja mais atenta aos valores sociais e ao emprego e que não se foque apenas às políticas técnicas, burocráticas ou vínculos que pertençam ao passado".
Desde o início da crise econômica da União Europeia, em 2008, os alemães são ferrenhos defensores da austeridade e das medidas severas na economia, para evitar mais falência e problemas.
Apesar da ríspida pergunta, Renzi afirmou que sua fala "foi qualquer coisa antes de ser um ataque à Alemanha".
"Fiz as perguntas à chanceler Angela Merkel, com a qual tenho uma ligação de amizade e de estima que não me impedem de formular questionamentos. Foi um Conselho Europeu muito combativo e houve uma porção de discussões verdadeiras. Estou muito satisfeito em relação aos países aliados e amigos", ressaltou o premier.
Citando outro ponto de divergência entre Itália e Alemanha, a questão da criação de um programa de depósitos comuns, a chanceler alemã comentou que a "Itália quer os depósitos comuns e não é a primeira vez que temos opiniões diferentes, mas ao final de tudo, chegaremos a um acordo".
Diferentemente dos italianos, que querem a inserção do programa de maneira rápida, os alemães preferem que a decisão seja tomada com mais tempo de análise.
– Imigração: Além de debaterem questões financeiras, a reunião do Conselho Europeu serviu também para a discussão sobre a criação de uma guarda de fronteira para as nações do continente. A ideia é ajudar cada Estado-membro a lidar com a questão da imigração ilegal de maneira mais eficiente. Porém, como o projeto causou muita polêmica – especialmente com os países dos Balcãs, a criação da guarda ficou para o próximo semestre.
O presidente do Conselho, Donald Tusk, destacou que mesmo adiando a decisão, "os problemas continuarão a existir em 2016".
A Europa enfrenta um grande fluxo imigratório no ano de 2015 e diversas medidas polêmicas já colocaram os membros da União Europeia em lados bem opostos. Estima-se que quase um milhão de estrangeiros chegue ao continente até o dia 31 de dezembro.