O chefe de Estado italiano, Giorgio Napolitano, pediu que a política nacional tenha um "salto de qualidade" que permita manter a estabilidade do país no contexto atual e descartou, por enquanto, a possibilidade de realizar eleições antecipadas. Napolitano se referiu assim à difícil situação política que vive o país após as duas moções de censura que foram superadas pelo Executivo do atual primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, na Câmara dos Deputados na semana passada.
"É decisivo na Itália um salto de qualidade da política. Decisivo para a estabilidade e a continuidade da vida institucional e para manter o sistema italiano em um contexto europeu marcado pelas tensões", disse Napolitano nesta segunda, durante seu discurso de Natal, diante dos ocupantes dos principais cargos do Estado. "Seguirei pedindo a continuidade da vida institucional e de uma legislatura à qual ainda restam mais de dois anos, sempre que exista a perspectiva de uma ação de Governo eficaz e de um desenvolvimento produtivo da atividade das Câmaras", destacou.
As declarações foram bem amparadas por Berlusconi, que assegurou ao término do discurso que as palavras de Napolitano "são uma lança em favor da continuidade, e isso vai em sintonia com o que nós consideramos que é o interesse do país". Berlusconi voltou a falar também do confronto com seu ex-aliado e líder do grupo parlamentar Futuro e Liberdade (FLI), Gianfranco Fini, a quem acusou de contar com o apoio da magistratura e de ter "bloqueado" a controvertida lei sobre escutas proposta pelo governo.
Além disso, o primeiro-ministro da Itália antecipou a possibilidade de mudar o nome de seu atual partido, o Povo da Liberdade (PDL), fundado com Fini, para evitar possíveis polêmicas com o ex-aliado. "É um nome que não calou entre as pessoas até o ponto em que muitos o chamam PDL. Além disso, existe o risco de entrar em confronto com o FLI, e, por isso, deveremos trocar", disse Berlusconi.