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POLÍTICA: “Reestruturar a dívida italiano é o primeiro passo”, diz Beppe Grillo

A confusão na política italiana após as eleições recentes se choca com as urgências decorrentes da situação econômica. Enquanto as discussões continuam entre os principais líderes, novos dados oficiais confirmam a gravidade de questões como a recessão e o desemprego entre os jovens.

Para a Península, especialmente nas regiões do sul, o desemprego é cada vez mais um drama real: em vez de diminuir, aumenta tanto a tendência média do desemprego (9,6%), como o desemprego entre os jovens (quase 40%).

No plano político, os olhares estão todos voltados para o líder Beppe Grillo, o grande vencedor das eleições, que em suas declarações vem misturando insultos com duros ataques. E enquanto os "velhos partidos" tentam se aproximar do Movimento 5 Estrelas (M5S, da sigla em italiano), Grillo continua irredutível e não quer alianças.

Enquanto a imprensa seguia as primeiras movimentações romanas dos "grillini" eleitos no Parlamento, Bersani deu ontem uma entrevista na TV em que basicamente repetiu o que há dias vem pedindo a Grillo: "Posto que tem um terço dos parlamentares, deve dizer de uma vez por todas o que ele quer fazer concretamente e assumir suas responsabilidades. Do contrário, devemos todos voltar para nossas casas", observou o líder do PD, confirmando assim a gravidade da crise política italiana.

Em poucos meses, os partidos políticos italianos terão que reestruturar a dívida pública do país, que não terá condições de "pagar nem as pensões ou os salários públicos", declarou o líder do M5S, depois de afirmar que ou as coisas mudam ou o sistema político entrará em colapso em um ano.

Quando os juros da dívida chegarem "a cerca de € 100 bilhões por ano, estaremos mortos, não há outras saídas", disse Grillo em uma entrevista ao semanário alemão Focus.

Os "velhos partidos" ainda poderão sobreviver "seis meses, então será o fim", acrescentou o comediante genovês, que nas eleições políticas de 24 e 25 de fevereiro conquistou um quarto dos votos. "Nós não somos esmagados pelo euro, mas pelas nossas dívidas", afirmou, destacando que se as coisas continuarem assim, cedo ou tarde a Itália terá que abandonar o euro e voltar à lira, sua antiga moeda.

Já em entrevista ao jornal norte-americano New York Times, Grillo defendeu que se a Itália agir com transparência conseguirá a reação positiva dos mercados: "Se trabalharmos com transparência e se formos honestos, aboliremos o conflito de interesse e aprovaremos leis contra a criminalidade; se apoiarmos as pequenas e médias empresas, transformaremos a Itália em uma comunidade. Com essas ações a reação do mercado será positiva".

Grillo também negou os temores de que o crescimento do M5S reverterá os efeitos do governo Mario Monti nos mercados internacionais, dificultando a situação econômica dos italianos. O genovês disse que o seu objetivo é eliminar um sistema que "desintegrou o país" e construir "algo novo", que restaure uma verdadeira democracia participativa na Itália. "Nós podemos mudar tudo se estivermos nas mãos de pessoas decentes".

Perguntado se sua iniciativa poderia levar a Itália no mesmo caminho da Grécia, Grillo respondeu: "Como podemos ser acusados de destruir algo que já está destruído? Devoraram um país e agora não podem mais governá-lo".

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