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POLÍTICA ITALIANA: Em crise, prefeita de Roma começa a perder apoio das bases

Com menos de três meses no poder, a primeira mulher prefeita de Roma, Virginia Raggi, começou a perder apoio das bases de seu partido, o populista e antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), por conta da nomeação de uma assessora investigada pela justiça.   

Raggi postou um vídeo no blog do humorista Beppe Grillo, fundador e principal líder da legenda, mas recebeu uma chuva de comentários com críticas e até mesmo pedindo sua renúncia. A prefeita vem sendo questionada por ter colocado no cargo de assessora de Meio Ambiente Paola Muraro, que é suspeita de tráfico ilegal de lixo, abuso de poder e fraude.   

"O caso Muraro/Raggi em Roma está minando todo o projeto do Movimento, aquele originalmente defendido por Gianroberto Casaleggio [cofundador do M5S] e Beppe Grillo. Transparência, legalidade, democracia direta e envolvimento da rede, nada disso foi feito nesse episódio embaraçoso", escreveu Fabrizio.   

O M5S possui uma estrutura diferente dos partidos tradicionais: não tem sede, comitês, presidente ou secretário, e todas as suas decisões importantes são decididas por meio de votações online no blog de Grillo, onde apenas "inscritos", espécie de filiados do movimento, podem participar.   

"Lamento muito dizer isso, mas o caso de Roma está sujando todo o M5S. O que fazer? Antes de tudo, Muraro deve sair, e depois Raggi deve pedir desculpas a Roma", escreveu o internauta Demetrio. Outros eleitores deixaram mensagens como "Fora, Raggi", "Vá para casa que é melhor" e "Você traiu os eleitores".   

Raggi foi eleita prefeita de Roma no último dia 19 de junho, ocupando um cargo que nunca antes havia sido exercido por uma mulher. Advogada de 37 anos, ela também deu ao M5S a maior vitória de sua história – até então, a maior cidade sob o comando do partido de Grillo era Parma, com 190 mil habitantes.   

O movimento nasceu em 2009 e logo se tornou a segunda principal força política da Itália, com uma plataforma baseada no combate intransigente à corrupção, na transparência, no euroceticismo e nas críticas aos partidos tradicionais.   

Raggi chegou ao poder com uma campanha que seguiu essas diretrizes, mas até agora sua administração não deslanchou.   

Enfrentando problemas para manter a capital limpa e por as contas em dia, Raggi já teve também de demitir sua chefe de Gabinete, Claudia Ranieri, que está na mira da Autoridade Nacional Anticorrupção (Anac).   

A demissão provocou uma enorme crise em seu governo e as renúncias de quatro dirigentes públicos em protesto contra a saída de Ranieri. Mas o caso mais grave é a nomeação de Paola Muraro. A assessora de Meio Ambiente é investigada desde abril por ilegalidades quando era conselheira da empresa pública de coleta de lixo, a AMA.   

Muraro foi indicada para um posto no gabinete da prefeita em 7 de julho, mas Raggi garante que não sabia da investigação – o estatuto do M5S proíbe a nomeação de pessoas suspeitas de cometerem crimes.   

Contudo, tanto Muraro quanto Raggi assumiram que sabiam da existência de um dossiê da Promotoria de Roma (passo anterior a uma investigação oficial) contra a primeira. Além disso, a prefeita disse ter informado as lideranças do M5S, incluindo o vice-presidente da Câmara dos Deputados Luigi Di Maio, sobre o dossiê, mas todos negaram.   

Nesta terça-feira, o diretório do Movimento 5 Estrelas fez uma reunião de mais de oito horas para encontrar uma maneira de sair do vespeiro romano. Nenhuma decisão foi anunciada, mas o partido exclui a hipótese de proibir Raggi de usar seu símbolo. (Ansa)

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