
O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, obteve a confiança da Câmara de Deputados graças aos votos dos dissidentes de sua própria coalizão de direita, evitando assim eleições antecipadas.
O governo obteve 342 votos a favor, superando a cifra de 309 votos indispensável, enquanto que 275 deputados votaram contra e três se abstiveram.
A decisão de apoiar Berlusconi foi anunciada um pouco antes da votação por Italo Bocchino, porta-voz do novo grupo liderado por Gianfranco Fini, Futuro e Liberdade para a Itália (FLI).
"Não nos negaremos a nosso dever e confirmamos nossa vontade de que a legislatura chegue a seu término (em 2013)", declarou Bocchino.
O FLI conta com 34 deputados e 10 senadores determinantes para que a coalizão de centro-direita mantenha a maioria absoluta de 316 votos.
Mais cedo, Berlusconi havia pedido o apoio dos moderados, em um discurso pronunciado poucas horas antes de submeter-se ao voto de confiança para evitar uma grave crise política.
"Dirijo-me ao conjunto do Parlamento, além de sua orientação política", declarou Berlusconi ao pedir o apoio "a todos os moderados e reformistas que compartilham da mesma visão de liberdade, de economia, de família e de trabalho", afirmou.
No discurso de tom conciliador, pediu também o apoio das "forças responsáveis da oposição", as quais convidou para "avaliar seu programa de governo sem preconceitos".
Berlusconi, que completa nesta quarta-feira 74 anos, manifestou sua amargura pelas divisões internas na coalizão governamental de direita e que explodiram em agosto, determinando a ruptura de seu ex-aliado, Gianfranco Fini, atual presidente da Câmara de Deputados.
A nova atitude moderada de Berlusconi causou fortes críticas de um dos líderes da oposição, o ex-juiz Antonio Di Pietro, que o classificou de "violador da democracia".
A decisão de pedir este voto de confiança foi anunciada na véspera pelo ministro para as Relações com o Parlamento, Elio Vito, e pelo porta-voz do governo, Paolo Bonaiuti.
"Pediremos a confiança do Parlamento", declarou Vito após uma reunião com os líderes do Povo da Liberdade (PdL), o partido de Berlusconi.
O primeiro-ministro decidiu pedir a votação de confiança do Parlamento, apesar dos riscos: no caso de derrota em uma das Câmaras, será obrigado a renunciar e convocar eleições antecipadas.
Silvio Berlusconi advertiu em agosto que pediria o voto de confiança do Parlamento após o fim da aliança com Fini, que estremeceu o governo de direita do magnata das comunicações.
Fini, presidente da Câmara dos Deputados, tem ao seu lado 34 deputados e 10 senadores, e pretende deixar o governo sem maioria no Parlamento.