Silvio Berlusconi segue em frente e não muda sua estratégia. Elenão pretende renunciar antes da votação de confiança – como solicitado pelos partidos de oposição FLI e UDC, por acreditar que obterá a confiança. ''Devo prosseguir, não tenho um sucessor. Obterei a confiança tanto na Câmara como no Senado'', afirma ele em uma festa de seu partido (PDL) na Emilia Romagna. Enquanto isso, ele rejeita toda e qualquer hipótese de reforma da lei eleitoral. ''Alterá-la seria um erro grave'', em se referindo ao risco de um retorno à primeira República.
Mas é justamente nos números que se disputa a guerra de nervos: enquanto os finianos defendem que o governo não tem maioria na Câmara, o Cavaliere está convencido do contrário. Portanto, em vista do próximo dia 14, a tensão só tende a aumentar, quando serão votadas duas moções de censura na Câmara ao governo Berlusconi, e uma de confiança no Senado.
Gianfranco Fini (FLI e presidente da Câmara) esclarece que não haverá reviravoltas e convida o presidente do Conselho de Ministros a tomar um banho de humildade. Mais duro, Pier Ferdinando Casini (UDC) responde às palavras do premier: ''Se nós somos velhos, o que é verdade, ele é dos tempos das catacumbas''. Na sequência, propõe encontrar, junto com a centro-direita, um candidato jovem para o Palácio Chigi (sede do governo).
Salvo surpresas, dificilmente a situação vai mudar até o dia da votação, embora nas fileiras da maioria já se pensa no 'dia seguinte'. Isto é, nos cenários possíveis caso o governo ganhe a confiança, ainda que por um único voto.
No papel, os números não seriam suficientes para propiciar um sono tranquilo ao premier, mas há os que acreditam em ausências 'táticas' na terça-feira, dia 14, na sessão de Montecitorio (Câmara dos Deputados), talvez entre as fileiras do grupo misto ou entre os radicais.
O premier, tendo obtido a confiança, poderia então se demitir para reassumir em seguida e tentar ampliar a maioria com a UDC, conjectura o PDL, talvez oferecendo garantias como por exemplo a mudança da lei eleitoral.
Com isso em mente, para vários líderes do PDL se leriam as palavras do líder na Câmara Fabrizio Cicchitto, disposto a reabrir a negociação para alterar o sistema eleitoral atual.
Ainda falta decifrar o silêncio de Umberto Bossi (Liga Norte, principal aliada de Berlusconi) nestes últimos dias. Quem sai na frente para reafirmar sua lealdade ao premier é o ministro do Interior Roberto Maroni: ''Seria um crime subverter o voto popular: o povo soberano decidiu em 2008 que seria governado por Berlusconi'', esclarece o títular do Viminale.
No caso do governo não obter a confiança, para a Liga Norte o único caminho possível seria antecipar as eleições.
Contra a continuidade de Berlusconi se posiciona claramente Pier Luigi Bersani, o secretário do PD que, em caso de crise, defende que o partido está preparado para apresentar suas ideias: "Não falamos de nomes. Em caso de crise tentaremos levar ao Quirinale (sede da presidência) nossas ideias e aguardar as decisões do presidente da República''. Os democratas querem um governo de transição, contra o qual se posiciona o PDL, que hoje abriu fogo contra a hipótese de uma ação corretiva. "Um truque da velha política, para dar peso a outro Executivo", comentou o subsecretário do PDL Paolo Bonaiuti.
Outro contrário à hipótese de Berlusconi continuar no cargo é Antonio di Pietro: "Seria uma fraude", adverte o líder do IDV que acrescenta: "Dignidade seria que o chefe de Estado, após um curto período (de até 90 dias) para uma lei eleitoral adequada, convocasse todos para votar". (ANSA)