Notícias

Policiais envolvidos no “caso Cucchi” são condenados na Itália

A Corte de Apelação de Roma, na Itália, condenou o marechal Roberto Mandolini a três anos e seis meses de prisão e o carabineiro Francesco Tedesco a dois anos e quatro meses, em um caso ligado ao assassinato do geômetra Stefano Cucchi, ocorrido em 2009, enquanto ele estava sob custódia do Estado.

Mandolini, que era o policial responsável pela delegacia que atuou durante o crime, e Tedesco, que com suas declarações reabriu o caso, foram acusados de falso testemunho e falsidade, respectivamente.

“A justiça é feita até o fim, dedicamos muitos anos de nossas vidas a isso. É um dia muito importante que dedico aos meus pais que infelizmente não puderam estar aqui”, comentou Ilaria, irmã de Cucchi.

O advogado de Ilaria, Fabio Anselmo, afirmou que Mandolini é “tão responsável quanto os autores do assassinato de Stefano, porque se ele tivesse cumprido seu dever e não fizesse as falsificações, o caso Cucchi provavelmente não teria existido”.

De acordo com os investigadores, Mandolini e Tedesco teriam falsamente atestado, no relatório da prisão de Cucchi, que o jovem romano havia renunciado à nomeação de um defensor de confiança.

Relembre o caso

O geômetra de 31 anos foi abordado por uma patrulha da Arma dos Carabineiros em Roma no dia 15 de outubro de 2009 e foi flagrado com 20 gramas de haxixe. De lá, foi para a delegacia comandada por Mandolini e enviado para o presídio Regina Coeli, o maior da capital italiana.

Poucos dias depois, Cucchi foi internado na ala de detentos do hospital Sandro Pertini, local onde faleceu no dia 22 daquele mês. Na autópsia, foi constatado que o homem de 1,76 metro de altura pesava apenas 37 quilos, indicando um estado de desnutrição – além do corpo apresentar diversos hematomas.

No primeiro processo, todos os acusados foram absolvidos por falta de provas: seis médicos e três enfermeiros (acusados de abandono de incapaz) e três membros da Polícia Penitenciária (lesões agravadas e abuso de autoridade). Na denúncia, afirmava-se que os carcereiros usaram força excessiva contra o italiano e que os profissionais da saúde tinham deixado Cucchi morrer de fome.

Porém, a Procuradoria de Roma abriu uma nova investigação em dezembro de 2015 contra carabineiros suspeitos de agressão pós-prisão e com a suspeita de que havia ocorrido “uma estratégia científica” para “atrapalhar a correta reconstrução dos fatos”. As penas, então, foram anuladas.

Já em outubro de 2018, Tedesco mudou o seu depoimento e disse que Di Bernardo e D’Alessandro haviam espancando Cucchi ainda na delegacia e que ele tinha agido para parar com as agressões.

O policial Tedesco foi condenado por falso testemunho, pois mudou o depoimento, tendo mentido no processo de 2015. Já Mandolini foi condenado pelo mesmo crime, mas por outra ação. Quando Cucchi foi preso, ele escreveu nos autos que o homem era “um sem-teto”.

O promotor Giovanni Musarò, por sua vez, explicou que “Stefano Cucchi foi levado para a prisão porque o marechal Mandolini escreveu na verbal de prisão que ele era um sem-teto. Mas, ele morava com os pais. Sem aquilo, talvez ele já teria sido mandado para a domiciliar”.

Mostrar mais

Artigos relacionados

Fechar

Adblock detectado

Por favor, considere apoiar-nos, desativando o seu bloqueador de anúncios