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“Papa tinha olhos abertos, mas não respondia”, diz médico

O médico Sergio Alfieri, que coordenou o atendimento ao Papa Francisco durante a internação no Hospital Agostino Gemelli, em Roma, revelou novos detalhes sobre os últimos minutos de vida do pontífice argentino, que faleceu aos 88 anos, vítima de uma parada cardiocirculatória em decorrência de um AVC.

Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, Alfieri, chefe de cirurgia oncológica abdominal no Gemelli e cirurgião pessoal de Jorge Bergoglio, contou ter recebido uma ligação de Massimiliano Strappetti, enfermeiro do Papa, às 5h30 (horário local) de 21 de abril.

“Ele disse: ‘O Santo Padre está muito mal, precisamos voltar ao Gemelli’. Deixei todos em pré-alerta e, 20 minutos depois, estava em Santa Marta [residência oficial de Francisco]”, mas parecia difícil pensar que fosse necessária uma internação”, declarou Alfieri.

“Entrei no quarto, e ele tinha os olhos abertos. Constatei que não tinha problemas respiratórios, então tentei chamá-lo, mas não me respondeu. Não respondia aos estímulos, nem mesmo aos dolorosos. Naquele momento, entendi que não havia o que fazer. Ele estava em coma”, acrescentou o médico.

Alfieri explicou aos colaboradores do Papa que uma internação seria inútil e que haveria o risco de Francisco morrer durante o caminho ao hospital. “Strappetti sabia que o Papa queria morrer em casa, ele sempre dizia isso no Gemelli. Ele morreu pouco depois”, salientou.

O médico havia visto o pontífice no sábado anterior, 19 de abril, logo após o almoço. “E posso dizer que estava muito bem, ele mesmo falou isso. Levei para ele uma torta escura, como ele gostava, e conversamos um pouco. Eu sabia que, no dia seguinte, ele faria a ‘Urbi et Orbi’ [bênção pronunciada na Páscoa e no Natal], e combinamos de nos ver na segunda-feira”, afirmou.

Alfieri também revelou que o Papa havia pedido aos médicos que evitassem a “obstinação terapêutica”, ou seja, a insistência em tratamentos mais nocivos do que benéficos a pacientes terminais, e que não o intubassem “em nenhum caso”.

O médico também não aconselhou que Bergoglio não trabalhasse. “Ele é o Papa. Voltar ao trabalho fazia parte do tratamento, e ele nunca se expôs a perigos. É como se, aproximando-se do fim, ele tivesse decidido fazer tudo o que precisava”, declarou.

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