
O papa Bento 16 sofreu mais um revés constrangedor, quando foi forçado a cancelar a promoção de um padre austríaco conservador cuja nomeação a bispo havia polarizado a Igreja Católica.
O Vaticano disse que o papa eximiu o padre Gerhard Maria Wagner da obrigação, pelas leis da Igreja, de aceitar sua promoção a bispo. Na prática, Bento revogou a nomeação de Wagner, que no mês passado desencadeou críticas na Áustria e fora do país.
É inusitado na Igreja que o papa seja forçado a revogar a nomeação de um bispo. O caso voltou a chamar a atenção para o processo de exame de candidatos feito pelo Vaticano e as consultas com a Igreja, que, segundo críticos, são insuficientes.
O constrangimento do papa com a nomeação de Wagner como bispo auxiliar de Linz se deu em meio a uma crise em curso sobre seu estilo de governança, que, segundo críticos, é demasiado isolado.
Em janeiro, o papa provocou furor ao revogar a excomunhão de quatro bispos tradicionalistas, incluindo Richard Williamson, que negou o Holocausto. Vários funcionários do Vaticano se queixaram de não ter sido consultados.
Críticos atacam Wagner por várias declarações que ele deu no passado, incluindo uma em que ele disse que o furacão Katrina, de 2005, foi a maneira usada por Deus para castigar a cidade de Nova Orleans por seus pecados.
Wagner tachou os livros de Harry Potter de satânicos, disse que a homossexualidade é curável, se negou a permitir a entrada de sacerdotes mulheres em sua igreja e excluiu a participação de leigos em assuntos da Igreja.
Pouco após sua nomeação a bispo, 31 dos 39 decanos (padres seniores) da diocese de Linz apresentaram uma declaração de não confiança nele — um fato raro na Igreja Católica e, na prática, uma manifestação aberta contra a decisão do papa.