
Uma das ministras do novo governo da Itália, que tomou posse virou alvo de ataques sexistas logo em seu primeiro dia no cargo.
Nomeada pelo premier Giuseppe Conte para chefiar o Ministério da Agricultura, Teresa Bellanova, 61 anos, foi criticada por conta da roupa com a qual se apresentou na Presidência da República, em Roma, para a cerimônia de posse: um vestido azul de babados.
“Carnaval? Halloween?”, ironizou no Twitter o ex-deputado conservador Daniele Capezzone. “Imagine encontrá-la de noite”, escreveu no Facebook o prefeito de Locorotondo, o também conservador Tommaso Scatigna, que depois se desculpou.
Em resposta ao post de Capezzone, alguns internautas usaram termos como “baleia azul” e “gorda” para definir Bellanova. Em seu perfil no Twitter, a ministra rebateu as críticas e disse que a “verdadeira elegância é respeitar o próprio estado de ânimo”.
“Ontem me sentia entusiasmada, azul elétrica e com babados, e assim me apresentei. Sincera como uma mulher”, disse. Políticos da esquerda à direita também saíram em sua defesa. “Gostaria de falar uma coisa a quem ironiza as características físicas (quase sempre sobre mulheres, por que será?). Desejo que vocês sintam ao menos uma vez as emoções de beleza e estupor que as pessoas vivem quando ouvem Teresa, sua paixão, sua história”, disse o ex-primeiro-ministro e senador Matteo Renzi.
Já a vice-presidente da Câmara dos Deputados Mara Carfagna, expoente do Força Itália, partido de Silvio Berlusconi, afirmou que quem insulta Bellanova por sua roupa e seu aspecto “deve se envergonhar”. “A ministra demonstrou empenho e competência desde a mais jovem idade”, acrescentou.
História – Integrante do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda, Bellanova é originária de uma família pobre da Puglia, no sul da Itália, e nunca completou os estudos na escola. Aos 14 anos, começou a trabalhar no campo e foi vítima de exploração, assim como tantos outros jovens da época.
As condições de trabalho a levaram para a vida sindical, onde galgou postos até chegar à secretaria nacional da Federação Italiana dos Trabalhadores Têxteis (Filtea), ligada à Confederação-Geral Italiana do Trabalho (Cgil), em 2000.
Bellanova também foi deputada entre abril de 2006 e março de 2018, mês em que se elegeu senadora pelo PD. Além disso, ela já exerceu os cargos de subsecretária do Ministério do Trabalho (2014-2016) e vice-ministra do Desenvolvimento Econômico (2016-2018).
Apesar do histórico sindical, Bellanova defendeu a reforma trabalhista de Renzi, apelidada de “Jobs Act” e que flexibilizou as regras para demissões sem justa causa. A medida foi fortemente combatida por sindicatos e pela esquerda do PD, o que quase derrubou o governo na ocasião.