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Morte de Federico Fellini completa 30 anos com homenagens

Há 30 anos morria um dos cineastas mais importantes da Itália. No dia 31 de outubro de 1993, Federico Fellini deixou um vazio não apenas na história do cinema mundial, mas também em uma ideia de arte que remete aos gênios multiformes da criação, como Pablo Picasso e Andy Warhol.

O estilo de realismo fantástico, particular de Fellini, não funcionava somente como representação cinematográfica, mas mostrava sua visão de mundo, em uma dimensão quase circense de set de filmagem, expressão corporal e modelo de sociedade.

Nascido em Rimini, em 20 de janeiro de 1920, Fellini usou suas experiências da infância como parte fundamental de muitos de seus filmes, como “Os Boas-Vidas”, de 1953, “8 e Meio”, de 1963, e “Amarcord”, de 1973.

O diretor se eternizou pela poesia de seus filmes, que mesmo quando criticavam a sociedade ainda exaltavam a magia das telonas. Eram 12h (horário local) de um domingo ensolarado do final de outubro de 1993. Na policlínica Umberto Primo, em Roma, apenas 24 horas após seu 50º aniversário de casamento com Giulietta Masina, Fellini estava de partida. Desde então a sombra de sua genialidade espalhou-se pelo cinema e pela cultura internacional, e milhares de páginas foram escritas sobre a sua obra, a sua vida, o seu mundo interior.

Memorável e um tanto exaustivo é o monumental “Fellini 23 1/2”, de Aldo Tassone, publicado pela Cineteca de Bolonha por ocasião do centenário do seu nascimento (20 de janeiro de 1920), para ser lido juntamente com o famoso “Livro dos Sonhos”, editado por Gian Luca Farinelli, Sergio Toffetti e Felice Laudadio pela Electa em 2019.

Hoje é quase impossível lidar com a imaginação do século 20 sem encontrar, vez após vez, os ecos de “La strada” ou “La dolce vita”, de “Fellini 8 e ½” ou “Amarcord”, até ao desesperado e sonhador “A voz da lua”, que na memória surge verdadeiramente como o seu expressivo testamento em 1990.

O quanto ele afetou a nossa maneira de ver, na relação entre o consciente e o inconsciente figurativo, na fotografia da mudança do tempo, é fácil de perceber nas homenagens – diretas e indiretas – que outros mestres lhe prestaram ao longo dos anos.

Fellini pertence àquela geração que abre caminho no mundo na esteira de um novo cinema italiano literalmente criado por Roberto Rossellini e Vittorio De Sica no rescaldo da Segunda Guerra Mundial.

Em um extraordinário florescimento de talentos, o seu é acompanhado pelo de Luchino Visconti e Michelangelo Antonioni.

Hoje, porém, podemos dizer que a grandeza de Fellini reside em ser um gênio quando os outros são sobretudo artistas. São estes os valores, não apenas artísticos, que hoje marcam um vazio intransponível, 30 anos depois.

Porque a sua lição pode ser compreendida, absorvida, recordada mil vezes, mas não pode ser reproduzida até ao nascimento de um novo Fellini, certamente diferente do original, mas igualmente poderoso e único.

Podemos contemplar e aplaudir a obra do grande cidadão de Rimini, mas sabendo que a sua imortalidade agora é garantida apenas pelo filtro da memória coletiva.

Homenagem

Por ocasião da data, o presidente da Itália, Sergio Mattarella, prestou uma homenagem ao cineasta. “O nome de Federico Fellini evoca uma ideia inovadora da cinematografia italiana, fruto do seu gênio artístico que representa uma pedra angular do panorama cultural do século 20”, afirmou.

Segundo o líder italiano, “o cineasta soube unir realidade e imaginação, cotidiano e inclinações oníricas, cânones sociais e crise de valores, criando enredos únicos pela singularidade do roteiro, adaptação e ambientação”.

“Sua fama impressa na história do cinema é demonstrada pelos prestigiosos prêmios que seus filmes receberam e pela entrega do Oscar pelo conjunto da obra em 1993”, acrescentou Mattarella, agradecendo Fellini “por suas ideia e pela sua infinita criatividade”.

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