
A italiana Eluana Englaro, 38, morreu nesta segunda-feira, às 20h10 locais (17h10 de Brasília), após 17 anos em estado vegetativo e um longa briga na Justiça para que permitissem sua morte, informaram fontes locais.
"Sim, ela nos deixou, disse Beppino Englaro, pai de Eluana, citado pela Ansa. "Mas não quero dizer nada. Só quero ficar sozinho."
Ela esteve no centro de uma longa batalha judicial que se tornou política nos últimos dias. O premiê Silvio Berlusconi tentou proibir a suspensão da alimentação e da água da italiana, enquanto o presidente Giorgio Napolitano considerava a medida do premiê inconstitucional.
Eluana morreu enquanto o Senado italiano discutia a aprovação de uma lei que proibisse a suspensão da sua alimentação, que já havia começado na última sexta-feira (6). Nesse dia, Berlusconi criou um decreto-lei para evitar a suspensão, mas Napolitano recusou-se a assinar o documento. O premiê então encaminhou a mesma proposta como projeto de lei ao Senado. Berlusconi esperava aprova-la em tempo recorde para evitar a morte de Eluana.
O arcebispo Albert Malcolm Ranjith, secretário da Congregação para o Culto Divino, havia ameaçado nesta segunda-feira de excomunhão quem interviesse na morte de Eluana
Batalha
Eluana sofreu um acidente de carro em 1992 que a deixou em estado vegetativo. Há quase uma década, os familiares decidiram pleitear na Justiça uma autorização para deixar a mulher morrer sob a alegação de que essa seria a vontade dela.
Na Itália, pacientes têm o direito de recusar tratamento, mas não existe uma lei que lhes permita dar orientações sobre qual tratamento gostariam de receber no caso de um dia ficarem inconscientes. Foi graças a essa brecha que, em 9 de julho de 2008, a Corte de Recursos de Milão aceitou o pedido pela morte de Eluana.
Três meses depois, a Corte Constitucional confirmou aquela sentença, esgotando a possibilidade de recursos.