Mais de 600 migrantes desembarcaram em Lampedusa, ilha mais meridional da Itália e porta de entrada para deslocados internacionais na União Europeia.
Lampedusa registrou a chegada de pelo menos 18 barcos, com um total de 608 pessoas. As embarcações partiram da Líbia e da Tunísia, que ficam a poucas centenas de quilômetros da ilha italiana.
O centro de acolhimento de Lampedusa, que tem capacidade para 250 pessoas, chegou a abrigar 921 migrantes neste domingo, mas o número diminuiu para 671 após a transferência de 250 indivíduos para um navio de quarentena.
Lampedusa vive um recrudescimento na crise migratória no Mediterrâneo nos últimos dias, e entre 27 e 28 de setembro já havia acolhido mais de 800 pessoas que se arriscaram na travessia marítima.
Segundo o Ministério do Interior, a Itália já recebeu 46.391 migrantes via Mediterrâneo em 2021, aumento de 95% em relação ao mesmo período do ano passado. As principais nações de origem são Tunísia (12.835), Bangladesh (5.994), Egito (4.548), Costa do Marfim (2.914) e Irã (2.459).
A crise migratória no Mediterrâneo serviu de combustível para o crescimento da extrema direita na Itália, que chegou a ter como ministro do Interior entre 2019 e 2020 o líder ultranacionalista Matteo Salvini.
Atualmente, os dois partidos de extrema direita do país (Liga, de Salvini, e Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni) reúnem cerca de 40% das intenções de voto para as próximas eleições legislativas, previstas para 2023.
“Peço há meses um encontro com [o premiê] Draghi e [a ministra do Interior] Lamorgese para bloquear o tráfico de seres humanos, bloquear os desembarques e salvar vidas. Mas após 50 mil chegadas clandestinas, todos ficam calados”, disse Salvini.
Os novos desembarques também coincidem com o aniversário de oito anos do naufrágio de 2013, que matou 368 pessoas na costa de Lampedusa, uma das maiores tragédias da história do Mediterrâneo.
Aquele desastre foi o estopim para a criação da operação militar italiana Mare Nostrum, destinada a resgatar barcos de migrantes e mais tarde substituída por uma força-tarefa europeia, hoje paralisada.
O espaço deixado pela ausência de navios oficiais no Mediterrâneo foi ocupado por diversas ONGs que realizam operações de socorro na região já há vários anos.