
O presidente e CEO interino da Stellantis, John Elkann, participou de uma audiência no Parlamento da Itália e assegurou que o país tem um “papel central” para o grupo automotivo, dono de marcas como Fiat, Jeep e Peugeot.
O debate ocorreu após as críticas de governo e oposição por conta da redução da produção nas fábricas italianas da Stellantis ao longo dos últimos anos, em meio às dificuldades encontradas pelo setor em toda a Europa.
“Para nós, a Itália exerce um papel central. Nós temos muito orgulho dessa nossa longa história da Fiat, que agora se tornou Stellantis – eu, pessoalmente, estou muito orgulhoso”, declarou Elkann, que esteve no Brasil na semana passada para anunciar investimentos em veículos híbridos-flex.
Segundo ele, a maior nação da América Latina pode servir como exemplo para o restante do mundo. “É um país que, nos últimos anos, buscou desenvolver o mercado interno com tecnologias próprias, como o etanol e derivados, criando uma indústria automotiva importante. Acreditamos que o mundo está caminhando para ser mais parecido com o Brasil do que com a União Europeia em nosso setor”, disse.
A UE proibiu a venda de novos carros a combustão a partir de 2035, com o objetivo de incentivar os carros elétricos, enquanto o Brasil aposta nos híbridos-flex, que combinam diferentes graus de eletrificação com motores flexíveis, aproveitando a força do país na produção de etanol – os primeiros modelos da Stellantis nessa linha, chamada “Bio-Hybrid”, foram apresentados no fim do ano passado.
Durante a audiência no Parlamento, Elkann também afirmou que, se não fosse pelo grupo, a indústria automotiva italiana “já teria desaparecido há tempos”. “Nos últimos 20 anos, o mercado doméstico caiu 30%, enquanto o emprego [no setor] diminuiu cerca de 20%. Isso significa que a empresa defendeu a produção e a ocupação nas fábricas no país com a exportação das marcas italianas, além do Jeep produzido na Basilicata, do Dodge na Campânia, das vans Citroën, Opel e Peugeot em Abruzzo e do DS em Melfi”, declarou.
Segundo o executivo, cada euro de valor criado pela Stellantis na Itália “gera outros nove no restante da economia”.
Além disso, ele garantiu que todas as fábricas italianas serão capazes de produzir todas as plataformas do grupo, “com flexibilidade máxima para fabricar a mais ampla gama de modelos”.
“Apesar do momento de persistente dificuldade do setor automotivo na Europa, continuamos a investir na Itália, em Turim e no futuro”, disse Elkann, com a ressalva de que o aumento da produção na Europa e no país nos próximos 20 anos “dependerá do crescimento do mercado, que será cada vez mais elétrico”.