Um homem em estado terminal, por conta de um tumor no cérebro, passou na última semana por um procedimento cirúrgico para a retirada do seu sêmen, em mais uma polêmica iniciativa no campo da bioética, depois do rumoroso caso que envolveu a retirada dos aparelhos que mantinham viva Eluana Englaro, há 17 anos em estado vegetativo por conta de um acidente automobilístico.
O novo caso não provocou tanta polêmica, embora representantes da Igreja católica tenham reagido imediatamente, condenado o procedimento, que foi autorizado pela Justiça, após o pai do paciente ter afirmado que, efetivamente, ele queria ter um filho, como reivindicava sua esposa, de 32 anos.
A lei italiana sobre reprodução assistida exige que seja comprovado um caso de esterilidade para que um casal seja submetido às técnicas de fecundação.
Com 35 anos, o homem que teve o seu sêmen retirado estava internado em um hospital de Pavia. O responsável pela intervenção foi o ginecologista Severino Antinori, um médico que se tornou conhecido após anunciar que mulheres de 60 anos haviam se tornado mães e por proclamar sua intenção de clonar seres humanos.
O médico explicou que extraiu o sêmen com uma agulha fina, que aplicou em diferentes pontos de seus testículos. Em seguida, colocou o material em nitrogênio líquido, a 197 graus abaixo de zero, para conservá-lo. Antinori disse ainda que vai analisar o líquido seminal em seu centro de fecundação, para selecionar os espermatozóides mais resistentes. Ele acredita que, dentro de um mês, poderá iniciar os procedimentos com a mulher, para posteriormente realizar a fecundação artificial.
Como se trata de um casal jovem, está convicto que não haverá qualquer dificuldade.
O presidente da Academia para a Vida, monsenhor Rino Fisichella, afirmou que um filho deve ser sempre um ato de amor, e não um experimento de laboratório. Por seu turno, Elio Sgreccia, que já dirigiu a Academia, foi mais enfático assinalando que considerava eticamente inaceitável a fecundação de uma mulher com o sêmen do marido em coma.