O eurodeputado italiano Andrea Cozzolino voltou a afirmar que não faz questão de manter a imunidade e que irá depor ao Parlamento Europeu sobre o escândalo de corrupção com dinheiro do Catar que atinge a instituição.
Cozzolino, que é do Partido Democrático (PD) e faz parte do grupo parlamentar Socialistas & Democratas (S&D), é alvo de um processo interno de revogação de imunidade ao lado do belga Marc Tarabella.
“Depois de ter já avançado um pedido formal em tal sentido às autoridades judiciárias precedentes, o honorável Andrea Cozzolino pedirá também à assembleia parlamentar a qual pertence para ser ouvido para responder a todas as perguntas e oferecer todas as informações e esclarecimentos úteis sobre os fatos”, informa uma nota oficial dos advogados.
A referência ao “pedido formal às autoridades” refere-se a uma declaração de dezembro, logo depois que o nome do italiano foi envolvido no escândalo, em que Cozzolino pedia para depor para a justiça belga.
Ainda conforme o comunicado, o eurodeputado “não pretende invocar a imunidade parlamentar para a atividade política que desenvolve de maneira livre e transparente, sendo totalmente estranho aos fatos de crime que são citados”.
O italiano sempre negou saber de um esquema de suborno e afirma que seu nome foi envolvido apenas porque um dos detidos, o assessor parlamentar Francesco Giorgi, já trabalhou para ele.
Diferentemente de Tarabella, os policiais não fizeram nenhuma operação de busca e apreensão na casa ou no Gabinete do eurodeputado.
O escândalo de corrupção que abalou o Parlamento Europeu foi revelado em 9 de dezembro, com a execução de 16 mandados de busca e apreensão e/ou prisão contra funcionários da instituição.
Estão detidos em Bruxelas quatro pessoas: Eva Kaili, ex-vice-presidente do PE, Giorgi, que também é marido de Kaili, o ex-eurodeputado italiano Antonio Panzeri e o diretor da ONG No Peace Without Justice, o também italiano Niccolò Figa-Talamaca.
Na Itália, a esposa e a filha de Panzeri, Maria Colleoni e Silvia Panzeri, estão em detenção domiciliar.
A suspeita é que os participantes do esquema faziam com que textos favoráveis ao Catar – envolvido em uma série de denúncias de violações de direitos humanos por conta da Copa do Mundo realizada em dezembro de 2021 – fossem debatidos e aprovados no Parlamento Europeu. Em troca, recebiam subornos em dinheiro vivo e em viagens e presentes.