
O fotorreporter italiano Fabio Polenghi, morto na Tailândia durante confrontos entre militares e os manifestantes conhecidos como Camisas Vermelhas, trabalhou e morou no Brasil, conforme relataram pessoas próximas a ele.
"Trabalhou muito no Brasil, onde tinha família. Fez muitos serviços importantes sobre a situação social brasileira, sobre a luta dos sem terra", explicou Gino Ferri, coordenador de fotógrafos da agência Grazia Neri.
"Era um fotógrafo apaixonado, que queria contar a realidade internacional do ponto de vista social", recordou o profissional, afirmando que o italiano era "esperto" e se dirigiu à Tailândia há dois anos.
Após a confirmação do falecimento, feita pela Chancelaria do país europeu, o embaixador em Bangcoc, Michelangelo Pipan, afirmou que "além da morte do fotorrepórter, que nos encheu de tristeza e dor nesta manhã, não temos notícias que haja outros cidadãos em dificuldade".
"Desde as primeiras horas da manhã avisamos os italianos para ficarem em casa, e agora com a imposição do toque de recolher (…) reiteramos este pedido, porque o momento é de grande volatilidade e particularmente perigoso", ressaltou Pipan à imprensa.
O toque de recolher insituído pelo governo tailandês foi lançado após o encerramento dos confrontos de hoje, que deixaram pelo menos seis mortos e 58 feridos. Os Camisas Vermelhas acusam o premier Abhisit Vejjajiva de não ter legitimidade e solicitam a convocação de novas eleições.
O falecimento de Polenghi foi lamentado por diversos políticos italianos. O presidente Giorgio Napolitano declarou que recebeu "a trágica notícia" "com comoção" e assegurou que o Palácio Quirinale, sede da chefia de Estado, está em contato com a Chancelaria para que sejam definidas as circunstâncias e quem foram os responsáveis pelo crime.
"Neste momento trágico, todos nós devemos refletir sobre a importância fundamental do trabalho desenvolvido, mesmo que a risco da própria vida, pelos profissionais da informação que, em nome da verdade, pagam infelizmente um alto preço de sangue", apontou por sua vez o titular do Senado, Renato Schifani.
Em nota, o presidente da Câmara de Deputados da Itália, Gianfranco Fini, assinalou o valor e o profissionalismo dos que trabalham cotidianamente em contextos internacionais difíceis, para testemunhar e contar a realidade nos seus aspectos mais dramáticos.
Familiares de Polenghi na Itália também falaram sobre a morte. "A fotografia era sua paixão e seu amor. Meu irmão estava fazendo seu trabalho e basta. Por agora sabemos só isso e sabemos muito pouco, ou seja, não temos detalhes precisos", assinalou Isabella Polenghi.