O diário italiano "Il Giornale", um dos mais tradicionais do país, publicou o livro "Mein Kampf" ("Minha Luta"), o famoso manifesto escrito na prisão por Adolf Hitler.
A obra foi reeditada recentemente na Alemanha, em uma versão com cerca de 3,7 mil notas críticas e comentários de especialistas e historiadores, mas seu relançamento na Itália provocou indignação na comunidade hebraica local.
"A distribuição gratuita nas bancas de 'Mein Kampf' representa um fato repugnante, longe de qualquer lógica de estudo e aprofundamento do Holocausto. É preciso dizer com clareza: essa operação do jornal é indecente", disse por meio de uma nota o presidente da União das Comunidades Judaicas Italianas, Renzo Gattegna.
Na própria Embaixada de Israel em Roma o sentimento é de surpresa em relação à decisão do "Giornale". "Se tivessem nos consultado, teríamos recomendado a distribuição de livros muito mais adequados para estudar e entender o Holocausto", afirmaram à ANSA fontes da sede diplomática.
A edição que foi distribuída pelo diário italiano foi revisada pelo historiador Francesco Perfetti e tem como objetivo explicar a origem de uma das maiores tragédias da humanidade. "Para entender como foi possível nascer o mal absoluto é preciso ir até a fonte e não ter medo de relatar as tragédias do século 20", afirmou o diretor do jornal, Alessandro Sallusti.
"Minha Luta" fará parte de uma coleção de oito volumes dedicados à história do Terceiro Reich. (Ansa)