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Fabio Botto Farhan: Há 20 anos começava a operação “Mãos Limpas” na Itália

Assim como uma pequena bola de neve pode começar uma avalanche que varre tudo e todos, uma notícia de jornal pode iniciar uma avalanche metafórica capaz de derrubar um sistema político que vigorou por quase 50 anos.

A prisão de Mario Chiesa, presidente de um lar de idosos em Milão, flagrado pela polícia em 17 de fevereiro de 1992 em seu escritório, depois de receber um suborno de sete milhões de liras (a primeira parcela de um total de 14 milhões acordados) de Luca Magni, dono de uma pequena empresa de limpeza, funcionou como uma bola de neve que se transforma em avalanche.

Naquele dia a ANSA deu a notícia: ''O engenheiro Mario Chiesa, presidente do Pio Albergo Trivulzio de Milão, foi preso hoje pela polícia acusado de concussão''. No dia seguinte, a notícia foi publicada pela imprensa local, mas foi justamente esta prisão que deflagrou a investigação Mãos Limpas, e que determinou o fim da Primeira República.

Luca Magni , cansado de pagar subornos equivalentes a 10% do valor do contrato, fez parte de um esquema com a polícia e o procurador Antonio Di Pietro, que investigava outros casos vinculados a Chiesa, para pegá-lo em flagrante.

Nos dias que se seguiram à prisão, Bettino Craxi definiu Mario Chiesa ''como um ladino que suja a imagem de todo um partido''; Carlo Tognoli, ex-prefeito de Milão, estranhou que ''as ovelhas negras só são detectadas no Partido Socialista'', enquanto Bobo Craxi foi igualmente duro e chamou Chiesa de canalha, além de idiota por ter sido pego em flagrante.

Chiesa, que rapidamente entendeu que a Procuradoria descobrira suas contas na Suíça, contribuiu financeiramente com Milão e com os votos para eleger Bobo Craxi no conselho municipal. Quando se viu encurralado e sem apoio político, decidiu revelar todo o esquema para não ser o bode expiatório de um sistema. Para Di Pietro, ele contou que nos últimos anos recebera dinheiro e que, graças à autonomia que conquistou no partido, politicamente respondia única e diretamente ao líder do partido, Bettino Craxi.

A confissão durou muitos dias, Chiesa descreveu o Sistema Milão, revelando nomes dos maiores líderes do PSI e da DC milanesa e lombarda, mas também incluiu politicos do antigo PCI em outros esquemas de corrupção e suborno.

Em 6 de abril, depois da derrota nas eleições da aliança CAF (Craxi-Andreotti-Forlani) e a afirmação no norte da Liga, começaram as primeiras informações de garantia e em 22 de abril as primeiras prisões de empresários.

Começava assim a avalanche da Operação Mãos Limpas. Mario Chiesa fui julgado publicamente e condenado a cinco anos e quatro meses, pagou seis bilhões. Oito anos e meio mais tarde, depois daquele fevereiro de 92, em agosto de 2000 saiu de cena. No entanto, em 31 de março de 2009, voltou a ser preso por aceitar subornos no esquema do lixo, onde se investiga a atuação da máfia. Por isso, ele passou outros três anos na cadeia.

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