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Egito produz dossiê de 2 mil páginas sobre morte de italiano

O governo do Egito preparou um dossiê com mais de duas mil páginas com detalhes da investigação sobre o assassinato do pesquisador italiano Giulio Regeni e entregará esse material para as autoridades de Roma entre os dias 7 e 8 de abril. O estudante foi encontrado morto no dia 3 de fevereiro, após ficar nove dias desaparecido.

Segundo nota do Departamento de Segurança Pública do Cairo, o documento apresenta "as linhas gerais do crime e do sumiço do corpo, além dos interrogatórios de 200 pessoas de várias nacionalidades que tinham relação com a vítima".

De acordo com as informações oficiais, participarão da reunião dois juízes e três policiais egípcios enquanto pela Itália estarão presentes um grupo de procuradores de Roma, os investigadores do Serviço Central de Operações da Polícia e policiais de setores especiais de investigação da capital italiana.

As informações que serão reveladas suscitam muita curiosidade porque, até o momento, o governo do Cairo nega qualquer participação de seus agentes do serviço secreto na morte de Regeni.

Porém, o vice-ministro do Interior, Abou Bakr Abdel Karim, desmentiu em entrevista ao jornal "Al Masry Al Youm" a versão até agora "oficial" de que um grupo de cinco sequestradores seria responsável pela ação. Segundo o político, o governo nunca apoiou essa tese de que eles seriam os "assassinos".

Desde quando o cadáver de Regeni apareceu com marcas de tortura e jogado em uma vala comum do Cairo, a morte vem ganhando contornos políticos. Vários veículos de comunicação internacional, especialmente os dos Estados Unidos, acusam o governo de Abdel Fattah al-Sisi de ter confundido o italiano com um espião internacional e tê-lo matado inocentemente.

Mesmo exercendo controle sobre a mídia nacional, diversos jornais egípcios também revelaram que a tortura sofrida pelo pesquisador é semelhante à praticada por membros do serviço secreto do país. O jornal "Al-Akhbar" afirmou ter tido acesso ao extenso documento e que nele, pela primeira vez, o governo egípcio confirmava que seguia Regeni desde o dia em que ele aterrissou no Cairo.

Regeni estava país para elaborar uma tese acadêmica sobre a economia local e sindicatos independentes – que são proibidos pelo atual governo. O pesquisador também contribuía com o jornal comunista "Il Manifesto", sendo que, antes de desaparecer, chegou a enviar um artigo – publicado após sua morte -, pedindo para o diário usar um pseudônimo e acusando o governo de al-Sisi de cometer crimes e se manter no poder apenas pelo uso da força. (Fonte: Ansa)

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