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“É uma cena de horror”, diz mergulhador de Lampedusa

"Vocês querem saber o que tem lá embaixo? Uma cena de filme de horror. Dezenas de corpos, talvez uma centena. Estão uns sobre os outros, presos e empilhados", relatou à ANSA o mergulhador Rocco Canell. Quando o pesqueiro "Graziella" alertou sobre o naufrágio de um barco com cerca de 500 imigrantes africanos, Canell foi o primeiro a pular na água e a descobrir os corpos embaixo do navio.

"Os mais sortudos foram os que morreram primeiro, porque quando os outros entenderam que podiam morrer, tentaram fugir e se esmagaram", explicou o mergulhador. "O que eu vi ontem nunca conseguirei esquecer". Originário de Parma, Canell chegou há seis anos em Lampedusa e se encantou com a ilha. "O mar é azul mesmo a 47 metros de profundidade. Dá para ver tudo. É lindíssimo". E as praias em Lampedusa estavam assim ontem antes do acidente.

"Eu vi o primeiro morto na areia, com o rosto próximo a um pesqueiro. Desviei o olhar para outra direção e encontrei mais dois corpos. Havia ao menos 20. Alguns estão sem camiseta, outros não, parecem estar dormindo". Segundo o mergulhador, pela posição do barco no mar e dos corpos ao entorno, é possível que, quando os imigrantes perceberam que a embarcação estava sendo consumida por fogo, "foram todos para o mesmo lado, inclinando o navio e fazendo entrar água". "O barco afundou em poucos minutos. Muitos não sabiam nadar. Encontrei alguns corpos agarrados ao barco. Morreram assim", contou Canell.

O mergulhador, porém, destacou que o barco não foi consumido pelo fogo e está intacto. "Foram recuperadas dezenas de cobertores, cheios de gasolina ou óleo. Mas não saberemos nunca se a tragédia poderia ter sido evitada se os imigrantes, com medo do barco naufragar, não tivessem se pisoteado".

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