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Documentário na Espanha questiona origem genovesa de Colombo

Um documentário transmitido na Espanha afirma que o navegador genovês Cristóvão Colombo (1451-1506), que deu início à colonização europeia nas Américas, era na verdade um espanhol sefardita, nome dado aos membros de comunidades judaicas na Península Ibérica.

O filme “Colon ADN – Su verdadero origen” (“DNA Colombo – Sua verdadeira origem”) foi exibido pela emissora pública TVE em horário nobre no dia 12 de outubro, data que celebra a Festa Nacional da Espanha, e parte de investigações lideradas pelo médico forense José Antonio Lorente, da Universidade de Granada.

A equipe do pesquisador analisou fragmentos ósseos atribuídos a Colombo e conservados na Catedral de Sevilha e os comparou com amostras de parentes e descendentes conhecidos, incluindo o suposto filho Hernando e o irmão Diego, que na verdade seria primo do explorador, para confirmar a veracidade dos restos mortais.

Em seguida, o documentário diz que a única tese plausível para a origem do navegador é aquela apresentada pelo historiador Francesc Albardaner, que defende que Colombo nasceu em uma “família de tecelões de seda de Valência, uma grande tradição da comunidade judaica”.

Segundo essa teoria, tanto o cromossomo Y (transmitido pela via paterna) de Hernando quanto seu DNA mitocondrial (herdado da mãe) apresentam “traços compatíveis com a origem judaica”, diz Lorente.

A tese, no entanto, é questionada por especialistas, que apontam a falta de evidências científicas para sustentá-la. “O documentário não mostra em nenhum momento o DNA de Colombo, e não sabemos que análises eles fizeram”, afirmou o geneticista Antonio Alonso, ex-diretor do Instituto Nacional de Toxicologia e Ciências Forenses, ao jornal espanhol El País.

Em entrevista à agência Ansa, Antonio Musarra, professor de história medieval e do Mediterrâneo na Universidade de Roma La Sapienza, também refutou a hipótese e garantiu que a origem genovesa de Colombo “emerge de todos os seus escritos”.

“São fortes as referências à ‘pátria genovesa’. Além disso, há relações estreitas com a família Fieschi [um antigo clã da nobreza de Gênova], à qual ele estava ligado, bem como com muitos financiadores genoveses. Existem elementos incontestáveis”, salientou o especialista.

Musarra ainda destacou que os restos mortais do navegador podem ter sido “contaminados”, uma vez que foram “trasladados diversas vezes”. “Além disso, o Mediterrâneo era um caldeirão de culturas, então não seria nada estranho se o DNA revelasse raízes judaicas, mas ele se dizia cristão e genovês”, acrescentou.

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