
Massimo Ferretti, um dos réus pelo homicídio de Fabio Ravasio, acusou a brasileira Adilma Pereira Carneiro, a “louva-a-deus de Parabiago”, de ser a idealizadora do crime na Itália.
O depoimento foi dado em juízo no tribunal de Busto Arsizio, na Lombardia, norte do país
“Em junho de 2024 a ideia de matá-lo tomou forma”, disse Ferretti, que trabalhava como garçom em um bar na cidade lombarda de Parabiago, local do crime em agosto do ano passado.
Segundo ele, Adilma pensou em contratar um assassino, acusando Ferretti “de ser muito covarde para fazê-lo”. Mas como a mulher não tinha recursos para isso, ela começou a “falar sobre simular um acidente”.
O cúmplice da “louva-a-deus”, tido também como um de seus supostos amantes, afirmou ainda que no início, Adilma, ex-namorada de Ravasio, decidira que seria seu atual marido, Marcello Trifone, de quem nunca se separou oficialmente, quem iria dirigir o carro que mataria a vítima atropelada.
“Mas ela não estava convencida disso”, explicou Ferretti, concluindo que, assim, o volante do veículo foi dado a Igor Benedito, um dos filhos da brasileira.
Nos últimos dias, o tribunal negou ao garçom um pedido de justiça restaurativa, que prevê benefícios em troca de confissão e arrependimento de um crime. Recentemente, Ferretti também escreveu uma carta em que pede perdão aos pais da vítima e se oferece para encontrá-los, hipótese rechaçada pelos genitores.
Durante um interrogatório, Adilma chegou a acusar Ferretti de ser o idealizador do plano para matar Ravasio, 52, vítima de um atropelamento quando andava de bicicleta em 9 de agosto de 2024, na cidade de Parabiago, província de Milão.
Para o Ministério Público, no entanto, não se tratou de um mero acidente de trânsito, mas de um assassinato encomendado por Adilma, cujo julgamento, com outros sete cúmplices, teve início no último 27 de janeiro.
Além da brasileira, de Ferretti, Trifone e Benedito, também são réus Fabio Oliva, Fabio Lavezzo, Mirko Piazza e Mohamed Daibi.
Segundo as investigações, no carro estavam todos os réus, com exceção de Piazza, que avisou o motorista sobre a aproximação de Ravasio, e de Daibi, que se jogou no chão para fingir um mal-estar, atrapalhar o trânsito e facilitar a fuga do veículo dirigido por Benedito.
De acordo com o MP, a mulher, que teria planejado o assassinato durante meses, queria ficar com o patrimônio de seu namorado, avaliado em cerca de 3 milhões de euros, entre propriedades e um comércio na cidade de Magenta, também na região da Lombardia. Ela alega inocência.
Enquanto Adilma e seus cúmplices são julgados pelo caso de Parabiago, a Justiça italiana reabriu a investigação sobre a morte de um ex-marido da brasileira, Michele Della Malva, em dezembro de 2011.
De acordo com o MP, o falecimento do homem, inicialmente atribuído a um infarto, pode ter sido provocado por envenenamento a mando da “louva-a-deus”, que teria sido executado pelo ex-amante dela e ex-cunhado da vítima, Maurizio Massè, que também está preso.