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CRISE NA POLÍTICA ITALIANA: Mattarella rejeita pedido de renúncia do premiê Draghi

O presidente da Itália, Sergio Mattarella, rejeitou o pedido de renúncia apresentado pelo premiê Mario Draghi.

O mandatário determinou que o atual primeiro-ministro se dirija ao Parlamento para efetuar comunicações para que seja “efetuada, na própria sede, uma análise da situação que ocorre após os resultados da votação realizada hoje no Senado da República”

Segundo os ministros que se reuniram com Draghi mais cedo, essa ida ao Parlamento deve ocorrer na próxima quarta-feira (20).

A decisão de Mattarella vem poucas horas depois do premiê informar que deixaria o cargo durante uma reunião no Conselho de Ministros. A medida foi tomada após o boicote do partido populista Movimento 5 Estrelas (M5S) na votação de um pacote de ajudas financeiras contra a inflação no Senado.

“Gostaria de anunciar que entregarei nesta noite minha renúncia nas mãos do presidente da República. A votação no Parlamento é um fato muito significativo do ponto de vista político. A maioria de união nacional que apoiou este governo desde sua criação não existe mais.

Terminou o pacto de confiança que estava na base da ação do governo”, disse Draghi durante uma reunião do CdM.

A crise já vinha se desenhando havia algumas semanas, mas o estopim para a ruptura foi um decreto-lei do governo com medidas para ajudar famílias e empresas a enfrentar os efeitos da inflação.

Para acelerar a tramitação do projeto, o gabinete de Draghi decidiu submetê-lo ao voto de confiança, uma prática comum na Itália e que blinda o texto contra possíveis emendas, ao mesmo tempo em que condiciona a manutenção do governo à sua aprovação.

O voto de confiança foi chancelado no Senado por ampla maioria, com placar de 172 a 39, porém o M5S não participou da sessão, indicando que Draghi não teria mais seu respaldo.

O boicote foi motivado por um artigo do decreto-lei que permite a construção de uma usina de energia de resíduos em Roma, projeto ao qual o movimento populista sempre se opôs por considerá-lo nocivo ao meio ambiente.

“O M5S deu apoio a este governo desde o início, tendo como pilares a transição ecológica e a justiça social. Se alguém força a barra inserindo normas contra a transição ecológica em um decreto que não tem nada a ver, nós não daremos os votos por nenhuma razão no mundo. Quem forçou a barra que assuma a responsabilidade”, justificou o líder do partido, Giuseppe Conte, antecessor de Draghi no cargo de premiê.

Oficialmente, a legenda não desembarcou da base aliada e disse que estaria até disposta a dar a confiança ao primeiro-ministro em outra votação, porém não foi suficiente para demovê-lo.

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