
A Rússia colocou o irmão do ativista de oposição Alexei Navalny, Oleg Navalny, em uma lista de procurados pela Justiça.
A notícia, divulgada pela agência estatal Tass, chega quatro dias após o anúncio da morte de Navalny, vítima de um suposto mal súbito em uma colônia penal no Círculo Polar Ártico.
A Tass afirma que o nome de Oleg Navalny foi colocado em uma lista de procurados na base de dados do Ministério do Interior devido a um novo processo criminal contra ele. A agência, no entanto, diz que ainda não se sabe o teor da suspeita contra o irmão do ativista.
Pouco antes, o Kremlin rejeitou o pedido feito pela União Europeia de uma investigação internacional sobre a morte de Navalny, principal opositor do presidente Vladimir Putin ao longo da última década.
O corpo do dissidente não foi restituído à família, que fez um apelo direto ao mandatário para reaver os restos mortais.
“Dirijo-me a você, Vladimir Putin, a solução do problema depende apenas de você. Deixe-me ver meu filho, peço que o corpo de Alexei seja imediatamente entregue para que eu possa sepultá-lo humanamente”, afirmou a mãe do ativista, Lyudmila Navalnaya, em um vídeo gravado diante da colônia penal IK-3, na Sibéria.
Já o vice-premiê e ministro das Relações Exteriores da Itália, Antonio Tajani, destacou que ainda é preciso “apurar os fatos”, mas ressaltou que Navalny “foi feito morrer”.
“É possível provocar a morte de uma pessoa com uma detenção incompatível com a vida, e isso aconteceu. Se não foi provocada diretamente, a morte de Navalny foi causada de maneira indireta”, salientou.
Mais tarde, Tajani afirmou que a mulher de Alexei Navalny, Yulia Navalnaya, pediu que os países europeus mantivessem as sanções contra a Rússia.
“A Rússia sente muito o peso das sanções econômicas. Ela pediu que seguíssemos em frente”, disse.
“Queremos saber o que está acontecendo na questão Navalny, o que aconteceu, se há responsáveis e quando o corpo será devolvido à família. Amanhã ouviremos o embaixador de Moscou para dar um sinal de que não se pode sufocar a liberdade e a democracia”, disse, ao jornal televisivo TG2 Post.
Convocações
O diretor-geral do Serviço de Ação Externa da União Europeia para a Europa Oriental, Rússia e Ásia Central, Michael Siebert, convocou em Bruxelas o encarregado de negócios da Missão da Federação Russa junto ao bloco, Kirill Logvinov.
A UE expressou sua indignação com a morte do político de oposição russo Alexei Navalny, cuja responsabilidade final, para o bloco, recai sobre o presidente Vladimir Putin e as autoridades russas.
O diretor-geral pediu que a Rússia permita uma investigação internacional independente e transparente sobre as circunstâncias da morte repentina de Alexei Navalny e que o país libere o corpo para a família sem mais atrasos, permitindo que seja organizado um funeral. Siebert reiterou ainda que a Rússia deve libertar imediata e incondicionalmente todos os outros prisioneiros políticos, bem como todas as pessoas detidas por prestar homenagem a Alexei Navalny.
A Itália também convocou o embaixador russo no país, Alexei Paramonov, para tratar do assunto. A informação foi dada à agência Ansa por fontes próximas.