A Justiça italiana informou que a britânica Meredith Kercher, morta em 2007, em Perugia, foi assassinada com cortes na garganta causados por dois artefatos diferentes, um empunhado pela norte-americana Amanda Knox — que teria provocado a ferida fatal — e outro pelo italiano Raffaele Sollecito. A declaração foi dada pelos juízes da Corte de Apelo de Florença, que apresentou hoje os documentos que explicam a motivação para a sentença ditada em janeiro contra Amanda e Sollecito, que eram namorados na época da morte da britânica. Os dois, que sempre se disseram inocentes, foram sentenciados a mais de 25 anos de prisão como coautores do assassinato. Um outro réu, o marfinense Rudy Guede, também foi condenado como cúmplice e cumpre pena de 16 anos.
"O ataque cometido pela britânica foi simultâneo e levado adiante pelos três envolvidos, os quais colaboraram para chegarem ao fim do que desejavam: imobilizar Meredith Kercher e violentá-la", escreveram os juízes nas motivações da sentença.
De acordo com os juízes, tudo indica que houve uma briga "agressiva" entre Meredith e Amanda. "Não é crível que os quatro jovens tenham iniciado uma atividade sexual de grupo. Não havia uma simpatia recíproca entre as jovens. A britânica nutria muitas reservas ao comportamento da inquilina", observaram os juízes. "Aquele dia, foi Amanda que deixou Guede entrar no apartamento.
Amanda e Sollecito, que tinham feito uso de substâncias entorpecentes, estavam em um momento de intimidade e, diante da aparente normalidade, a briga entre as duas jovens explodiu e se inseriu em um contexto que, seja pelas condições psicofísicas dos réus ou pela exasperação da convivência entre elas, levou à agressividade", afirmaram. Os magistrados também disseram que há "elementos" de "seguro indício" da presença dos três na cena do crime, como vestígios de sangue e DNA no apartamento. "Os traços biológicos encontrados no fecho do sutiã que Meredith Kercher usava na noite em que foi assassinada é de Raffaele Sollecito", afirmaram. Meredith, de 21 anos, foi encontrada morta a facadas em seu quarto no apartamento que dividia com Amanda na cidade de Perugia, na Umbria, em 2007, onde ambas estudavam. Os investigadores logo apontaram Amanda e Sollecito como suspeitos, concluindo que os dois mataram a britânica em um jogo sexual que deu errado. Amanda e Sollecito chegaram a ser sentenciado e ficaram encarcerados por quatro anos, mas em 2011 foram absolvidos após ser constatado que houve uma série de falhas na perícia. No ano passado, uma decisão da Suprema Corte italiana determinou a reabertura do processo, que culminou com a nova condenação, em janeiro.