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Agressões contra Silvio Berlusconi e o Papa Bento XVI criam o temor do “efeito emulação”

As agressões contra o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi e o Papa Bento XVI, ocorridas com menos de duas semanas de diferença, não apenas marcaram a Itália e o mundo no fim do ano, como fazem com que a polícia e os especialistas temam a possibilidade de um "efeito emulação", ou seja, que outras pessoas resolvam imitar o gesto.

 

"Esta estranha coincidência entre a agressão contar Berlusconi e a do Santo Padre é impressionante", declarou o prefeito de Roma, Gianni Alemano.

 

"É preciso ficar mais vigilante, pois num mundo aberto e globalizado, o número de pessoas desequilibradas e sua agressividade pode aumentar verdadeiramente", explicou.

 

Uma mulher de 25 anos portadora de transtornos psiquiátricos de 25 anos fez o Papa cair durante a Missa do Galo na noite de Natal, depois de, no ano passado, já ter tentado uma ação similar, mas impedida a tempo.

 

Em 13 de dezembro, o chefe de Governo italiano foi ferido no rosto por uma reprodução em miniatura da catedral de Milão por homem mantido sob tratamento por transtornos metais durante dez anos.

 

"Evidentemente, esses dois gestos não tiveram qualquer relação. Mas podem esconder um perigo, o da emulação, que leva pessoas a querer repeti-lo", analisa Guido Olimpio, em um artigo publicado no site do jornal Corriere della Sera.

 

"Não apenas as pessoas frágeis psicologicamente falando, como também as que buscam notoriedade, poderão tentar imitar esse tipo de gesto", escreveu Guido Olimpio.

 

No jornal La Stampa, o psicólogo David Meghnag é mais reservado: "No plano estatístico, é preciso ter calma. As pessoas que têm transtornos psíquicos estão recebendo mais tratamento que no passado".

 

Mas, ao mesmo tempo, destaca um risco maior de emulação e relacionou as duas agressões: "É uma sociedade que coloca ênfase na imagem 'se quero existir, devo aparecer'. E se pode conseguir isso quando se é primeiro-ministro, Papa ou astro de um espetáculo. Para os outros, e em particular os transtornados, isso pode gerar uma frustração enorme e evoluir até a violência".

 

Rosella Candella, psiquiatra e psicanalista, também faz uma comparação entre o chefe da Igreja católica e "Il Cavaliere", assim como os sentimentos que ambos inspiram.

 

Segundo ela, apesar de o presidente do Conselho italiano ser famoso por suas operações de sedução e por sua frequente presença na tv, "a representação externa também é muito importante para a Igreja católica".

 

"Em ambos os casos, se pode ver uma exteriorização muito forte do poder. O mais importante é o que se exibe", analisou para a AFP. "Isso favorece um processo de identificação que, em pessoas frágeis, pode se transformar ao mesmo tempo em amor e ódio".

 

Segundo ela, para evitar o comportamento de um Massimo Tartaglia ou de uma Susanna Maiolo, os respectivos agressores de Berlusconi e de Bento XVI, seria necessária "uma autoridade mais discreta".

 

Em todo caso, afirma a psiquiatra, por ora não se trata de um "problema de ordem pública", mesmo que a segurança tenha sido colocada no banco dos réus.

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