O premier italiano Silvio Berlusconi reiterou hoje que não pretende deixar o cargo, apesar do clima tumultuado no país depois que seu ex-aliado Gianfranco Fini, titular da Câmara dos Deputados e líder do partido Futuro e Liberdade pela Itália (FLI) pediu que renunciasse ao cargo.
Berlusconi afirmou que se o presidente da Câmara quer retirar sua confiança ao Executivo, deve fazê-lo através de uma votação no Parlamento.
A posição do primeiro-ministro foi anunciada por fontes governistas, após um telefonema de Berlusconi de Seul (Coreia do Sul), onde lidera a delegação italiana que participa da cúpula do G-20 (grupo que reúne os países ricos e os principais emergentes), depois da reunião fracassada de mediação entre Fini e Umberto Bossi, líder da Liga Norte e ministro de Reformas.
O partido Povo da Liberdade (PDL), fundado em 2009 por Berlusconi e seu então aliado Fini, declarou que "os coordenadores, os líderes e a delegação do PDL, neste momento político, com posição compartilhada e coesa, consideram inaceitável que a legislatura continue com outro premier e outro governo".
O grupo manteve nesta última quinta-feira (11) uma reunião na Câmara. "Qualquer um que queira alimentar hipóteses diversas terá que passar pelo veredicto da soberania popular", informou a legenda, em um comunicado após o encontro.
Mais cedo, Umberto Bossi, cujo apoio a Berlusconi é fundamental neste momento, se reuniu com Fini na tentativa de chegar a um acordo para manter a maioria governista, mas o encontro terminou sem êxito. Fontes próximas indicam que Fini continua "esperando uma resposta formal de Berlusconi a seu pedido".
Logo após o pedido de renúncia, foi anunciado na Itália que Berlusconi não teria a intenção de deixar o governo, depois do respaldo recente do Senado e também da Câmara dos Deputados ao seu programa de governo.
As divergências entre Berlusconi e Fini se arrastam há meses. O parlamentar foi retirado do partido governista após se pronunciar repetidas vezes contras as propostas da administração italiana.
Ao deixar o PDL, Fini levou mais de 30 legisladores da bancada governista, o que é uma ameaça à maioria. Na última terça-feira (9) se assistiu a uma prévia do que poderia ocorrer no país, ao enfrentar a primeira votação solicitada pela oposição desde então, que derrubou a proposta do governo. A Câmara dos Deputados aprovou, com 274 votos a favor e 261 contra uma medida sobre imigração, relacionada ao Tratado de Amizade, Associação e Cooperação entre Itália e Líbia. (ANSA)