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150 ANOS DA IMIGRAÇÃO ITALIANA: Filme falado na língua talian chega aos cinemas do Brasil

Em meio às celebrações pelos 150 anos da imigração italiana no Brasil, chegou aos cinemas do país, um filme falado parcialmente em talian, língua nascida a partir da chegada de imigrantes do “Belpaese” à região Sul no século 19.

“Até que a música pare”, coprodução entre Brasil e Itália dirigida pela cineasta gaúcha Cristiane Oliveira, narra a história do casal Alfredo (Hugo Lorensatti) e Chiara (Cibele Tedesco), matriarca de uma família ítalo-descendente que, após o último filho sair de casa, decide acompanhar o marido em suas viagens como vendedor pelos botecos da Serra Gaúcha. No entanto, uma tartaruga e baralhos de carta colocarão à prova mais de 50 anos de vida a dois.

“Muitas pessoas da comunidade [italiana] e que trabalham pela salvaguarda do talian ficam muito comovidas de ver essa língua, que é muito comum no interior, chegar às telonas em um drama familiar”, disse Oliveira, em entrevista à agência Ansa. O filme lhe rendeu o prêmio de melhor direção na última edição do Bergamo Film Meeting.

“Comecei a desenvolver o roteiro a partir de questionamentos que eu fazia sobre qual é o limite da nossa tolerância, em paralelo com o cenário de escândalos na política nacional. Isso me levava a questionar nossas condições cotidianas”, acrescentou.

O longa também se inspira na história de uma amiga cuja família “ficou muito preocupada ao descobrir que o avô dela, um senhor acima de qualquer suspeita, comerciante, vendia um determinado produto sem nota fiscal”.

A partir disso, Oliveira e o roteirista Gustavo Galvão partiram para uma pesquisa na Serra Gaúcha e descobriram que muitas pessoas na faixa etária dos protagonistas falavam talian.

“Foi muito rico entrar em contato com essa cultura, e me deu muita vontade de fazer esse registro antropológico no filme, de ter essa musicalidade”, contou a cineasta.

O elenco de “Até que a música pare” conta com a atriz brasileira Elisa Volpatto e o ator italiano Nicolas Vaporidis, além de talentos locais que já tinham facilidade com a língua, como Tedesco e Lorensatti, integrantes do grupo de teatro Miseri Coloni, companhia tradicional de Caxias do Sul e que se apresenta em talian desde os anos 1980.

Mas para dar conta dos improvisos que surgiam no set, Oliveira revelou que tinha a ajuda de consultores, incluindo professores de formação em talian da Unicentro no Paraná, para garantir “o trabalho de representação dessa cultura”.

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