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MÁFIA: Bazuca é encontrada em frente ao Tribunal de Reggio Calabria, no sul da Itália

Uma bazuca foi encontrada em frente ao Tribunal de Reggio Calábria, sul da Itália, berço da máfia calabresa 'Ndrangheta, no mesmo dia em que uma operação da polícia cumpria 250 ordens de busca em uma investigação sobre intimidações contra magistrados.

A arma foi descoberta depois de uma ligação anônima com ameaças ao procurador da República Giuseppe Pignatone, feita de uma cabine telefônica.

O local foi isolado pelas forças de ordem, que iniciaram investigações para identificar o autor do telefonema. "Vão ver diante da procuradoria [no tribunal], tem uma surpresa para o procurador Pignatone", disse a voz.

A bazuca, que estava escondida sob um colchão velho deixado junto à rua, é do tipo que só tem um disparo e já havia sido utilizada — portanto, não oferecia nenhum risco real.

Os investigadores do caso definiram a situação como "uma mensagem grave e altamente significativa sob o plano criminal".

De acordo com eles, a intenção era dizer que o procurador, envolvido em diversos inquéritos contra a 'Ndrangheta, pode ser atingido a qualquer momento.

"Este fato confirma a gravidade da situação de Reggio Calábria, que tivemos maneiras de enfatizar diversas vezes nestes meses e que exige a atenção de todos os órgãos responsáveis", afirmou Pignatone à ANSA.

"Da nossa parte, o escritório da procuradoria continuará a trabalhar com a serenidade e o compromisso de sempre e o mesmo fará toda a magistratura da região", continuou ele, que não estava no local no momento do telefonema.

A ação despertou inúmeras manifestações durante todo o dia na Itália. Entre as autoridades que se pronunciaram estiveram o ministro da Justiça, Angelino Alfano, os presidentes da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini, e do Senado, Renato Schifani.

Alfano ligou a Pignatone afirmando sua "solidariedade" e apontando que esta é a "enésima tentativa colocada em campo pela 'Ndrangueta, ferida de morte por contínuos sucessos da magistratura, das forças de ordem e do governo".

Já Fini declarou ter recebido "com preocupação a notícia da descoberta em Reggio Calábria de uma arma de fogo" e da "ameaça" contra o procurador, ações classificadas por ele como um "grave ato intimidador".

"O ignóbil episódio é expressão de uma lógica criminal a respeito da qual o Estado deve ter a guarda alta, em defesa da democracia e da liberdade no nosso país. Estou certo de que tal gesto vil não impedirá de prosseguir com serenidade as atividades", assinalou o parlamentar.

Schifani, por sua vez, falou de seu apoio e vizinhança a favor dos magistrados que continuamente conduzem investigações complexas e delicadas pela afirmação da legalidade, colocando em risco, por vezes, a própria segurança.

A Associação Nacional de Magistrados da Itália (ANM) comentou o caso afirmando que o Estado não pode "deixar sozinho" quem trabalha com uma cruel forma de crime organizada como a 'Ndrangheta.

A entidade pediu ao governo e ao Parlamento "intervenções sérias e coerentes, dirigidas a confrontar as reais emergências do setor da Justiça".

Esta não é a primeira vez que atentados são realizados contra procuradores que investigam casos contra as máfias italianas.

Em agosto, uma bomba explodiu durante a madrugada em frente à casa de Salvatore Di Landro, também procurador de Reggio Calábria. Em protesto contra o atentado, foi realizada uma manifestação contra a 'Ndrangheta, promovida por um jornal.

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