Da abertura oficial da 67ª edição do Festival de Veneza vai restar não mais que algumas cenas provocantes de sexo entre mulheres, sendo que uma delas é interpretada pela atriz Natalie Portman. Esse deve ser o saldo da sessão de Black Swan, a primeira da competição pelo prêmio principal da mostra. A julgar pela fria acolhida ao final de Black Swan, esse deve ser o saldo do filme de Darren Aronofsky, que há dois anos ganhou o Leão de Ouro pelo filme O Lutador.
Um tanto na mesma linha de auto-superação do lutador interpretado por Mickey Rourke, Aronofsky propõe agora um desafio semelhante para o personagem de Portman. Ela é a jovem bailarina de 28 anos que disputa o papel central numa moderna montagem de O Cisne Negro, em Nova York.
Tutelada por uma mãe prepotente e ex-bailarina e por um coreógrafo sedutor e exigente (Vincent Cassel), ela entra num cotidiano rigoroso e delirante, em que não faltam sintomas de perseguição e terror. Essa estranheza que a persegue dá um tom interessante de thriller a uma história realista, que no entanto desanda ao final e se torna fantasiosa e de certo mau gosto. (Orlando Margarido)