O vice-ministro Giacomo Caliendo, da pasta da Justiça da Itália, recebeu com "satisfação" o repúdio da Câmara dos Deputados a uma moção apresentada pela oposição contra ele, após seu suposto envolvimento com uma organização secreta.
"Continuarei a trabalhar para que consiga a confiança do Parlamento", declarou Caliendo, ao ser consultado pela ANSA sobre o tema.
O vice-ministro foi citado recentemente em uma investigação sobre a suposta organização secreta, da qual ele participaria, que teria como objetivo manipular decisões judiciais em troca de favores.
Devido a isso, legisladores do Partido Democrata (PD, maior força de oposição) e Itália dos Valores (IDV) pediram a votação de uma moção de desconfiança contra o político.
"Se por hipótese descobre-se que algo que eu disse não é real, não terei dúvidas em renunciar. A minha verdade é baseada em elementos concretos", complementou Caliendo.
O caso do vice-ministro era ainda considerado um grande teste para o premier Silvio Berlusconi, já que a sessão parlamentar ocorria logo após o rompimento da aliança que manteve por anos com o titular da Câmara dos Deputados, Gianfranco Fini.
Na última semana, o conselho diretivo do partido de Berlusconi, o Povo da Liberdade (PDL), decidiu pelo afastamento de Fini, o que fez com que os partidários do legisladores deixassem a agremiação também.
Com os "dissidentes", Fini criou um grupo parlamentar, chamado Futuro e Liberdade para a Itália (FLI), composto por dez senadores e 33 deputados, número que poderia alterar a votação de hoje, fazendo com que o governo perdesse a maioria.
Durante a sessão foram registrados 299 contra o pedido da centro-esquerda e 229 a favor. As abstenções chegaram a 75, incluindo o voto dos seguidores de Fini.
O debate foi marcado ainda por troca de agressões. Um parlamentar lançou contra o outro a cédula da votação. Logo depois da sessão, a deputada Chiara Moroni, de acordo com a imprensa local, informou sua saída do PDL para associar-se ao grupo de Fini.