
A Associação Nacional de Magistrados (ANM) demonstrou neste sábado sua oposição à reforma constitucional promovida pelo primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, que quer introduzir mudanças no Judiciário italiano.
O presidente da entidade, Luca Palamara, afirmou à imprensa que os juízes defenderão até "a morte os valores da Constituição". "Dizemos não a uma reforma constitucional e defendemos a autonomia e a independência dos magistrados, pelo bem da população", disse.
As declarações de Palamara vêm a público um dia depois de Berlusconi ter defendido uma reforma constitucional para mudar o sistema judiciário da Itália, o que, de acordo com o premiê, pode acontecer por meio de um plebiscito.
Palamara também comentou a polêmica provocada por um vídeo exibido pelo Canal 5, de propriedade de Berlusconi.
A fita contém imagens do dia a dia do juiz Raimondo Mesiano, o mesmo que determinou o envolvimento do chefe do Executivo no caso de corrupção que levou a Fininvest, também pertencente ao premiê, a assumir o controle da editora Mondadori.
A exibição do vídeo, feita pelo programa "Mattino Cinque", foi acompanhada de uma narração. Esta destacava "comportamentos extravagantes" do juiz, como o fato de que aparentava um certo nervosismo e não parava quieto enquanto esperava sua vez no barbeiro, ou que acendia seu décimo cigarro em uma determinada manhã.
Palamara classificou a reportagem como "ignóbil e uma indecorosa agressão". O vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura (CSM), Nicola Mancino, concordou: "É preciso respeitar um juiz que emite uma sentença. Um magistrado deve ser julgado pelo que escreve, não pelo que se acredita que deveria escrever".