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Políticos italianos já trabalham por um novo governo Draghi

No dia seguinte à rejeição do pedido de renúncia do primeiro-ministro, Mario Draghi, a maior parte dos partidos que formam a base do governo já se organizam para tentar manter o atual líder no cargo.

Chama a atenção, porém, o fato de que o Movimento 5 Estrelas (M5S), partido que causou a crise atual ao boicotar uma votação do projeto do governo no Senado, ainda não se manifestou oficialmente sobre a situação.

A sigla de Giuseppe Conte segue fazendo reuniões e o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, cobrou que as siglas políticas “mostrem maturidade” nas conversas para não pararem o país. “Draghi é uma pessoa de palavra, como nós sempre dissemos, e no momento no qual o partido de Conte decide não votar na confiança, não há mais a maioria política. Não é simples recompor essa maioria e será preciso um ato de maturidade”, disse aos jornalistas.

Di Maio, que era um dos principais nomes do M5S desde o seu surgimento, deixou a sigla nas últimas semanas por problemas com Conte e formou um grupo parlamentar com outros dissidentes.

Já o coordenador nacional do Força Itália, Antonio Tajani, afirmou em entrevista à “SkyTg24” que espera que Draghi “repense” a decisão e aceite ter um governo de maioria sem a presença do M5S.

O premiê havia repetido por diversas vezes que seu governo deveria contar com o maior número de partidos possíveis e que não era possível seguir sem os populistas. No entanto, numericamente falando, é possível que ele ainda tenha a maioria parlamentar mesmo sem o M5S e poderia continuar com o governo.

“Nós não temos medo das eleições. Mas, somos responsáveis e vamos verificar se é possível ter de novo Mario Draghi na presidência do Conselho [de Ministros], com uma maioria diferente, para enfrentar os problemas dos italianos. Se não conseguirmos, vamos ao voto. Porém não é possível ficar fazendo chantagem, como dizer que só existe governo se tiver o M5S – um novo governo vai conseguir viver sob chantagem mais nove meses?”, criticou o líder do partido de Silvio Berlusconi.

O presidente do centrista Itália Viva, Ettore Rosato, sigla do ex-premiê Matteo Renzi, também afirmou que trabalha para um Draghi-bis.

“O governo caiu por causa de um incinerador: me parece uma decisão totalmente instrumentalizada. Conte sabe que em março do ano que vem [data das eleições], ele não existe mais. Não tinha mais o controle do Movimento e achou que não tinha forças para chegar em março. Decidiu isso de maneira fria e para prejudicar a todos. Vamos fazer de tudo para Draghi ficar porque acreditamos que a Itália ainda tem necessidade de sua qualidade”, pontuou.

O Partido Democrático já anunciou, logo após a decisão da rejeição da renúncia, que está trabalhando para manter o atual governo.

Draghi irá ao Parlamento, por determinação do presidente Sergio Mattarella, na próxima quarta-feira (20) e fará consultas com os partidos para verificar se há maioria. Na sessão, todas as siglas precisarão fazer sua manifestação de maneira aberta e clara.

Se houver maioria com o M5S, o governo segue. Se for maioria sem os populistas, aí caberá a Draghi dizer se continuará ou não.

Caso não haja consenso, a questão volta para as mãos de Mattarella que terá duas opções: formar um governo técnico até fevereiro ou março, data oficial das eleições, ou dissolver o Parlamento e convocar um novo pleito – que ocorreria entre o fim de setembro e o início de outubro.

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