
Nem bem o governo de Mario Draghi prestou juramento, um grupo de senadores do partido populista Movimento Cinco Estrelas (M5S) começou a fazer críticas à atitude da sigla de apoiar o novo primeiro-ministro.
Os primeiros rumores dos descontentes aparecerem com a senadora Barbara Lezzi informou que já requisitou formalmente que a sigla não dê o voto de confiança ao novo governo.
“Enviei, ao lado de outros colegas, um e-mail ao chefe político, ao comitê de garantia e ao comissário para informar que a previsão levantada pela consulta no dia 11 de fevereiro de 2021 não se refletiu na formação do novo governo. Não há o ‘superministério’ que deveria prever a fusão do Mise [Ministério do Desenvolvimento Econômico] e do Ministério do Meio Ambiente”, disse Lezzi em uma postagem no Facebook. Segundo a senadora, a ausência dessa fusão ministerial torna “evidente que, na falta de acordo, ao fim de respeitar a maioria dos inscritos, o voto de confiança deve ser não”.
A votação citada pela parlamentar refere-se à maneira como o M5S toma suas decisões mais importantes: através de uma plataforma online chamada de Rousseau. No dia 11 de fevereiro, em uma votação que envolveu quase 120 mil afiliados, 59,3% aprovaram a entrada do partido no novo governo italiano. Porém, a pergunta para a adesão ou não citava, especificamente, a fusão ministerial. “Você está de acordo que o Movimento apoie um governo técnico-político que preveja um superministério para a transição ecológica e que defenda os principais resultados obtidos pelo Movimento, com as outras forças políticas indicadas pelo premiê encarregado Mario Draghi?”, dizia a questão.
A exigência foi atendida em partes pelo novo primeiro-ministro ao criar o superministério do Meio Ambiente e Transição Ecológica, chefiado por Roberto Cingolani – um físico e pesquisador que atuava com diretor científico do Instituto Italiano de Tecnologia. Porém, o Desenvolvimento Econômico não entrou na fusão.
Quem também engrossou o coro de críticas foi o senador Nicola Morra, que repetiu a pergunta feita no Rousseau para os afiliados ao M5S e ironizou. “Dar ao Meio Ambiente as delegações sobre energia e conceder o resto do Mise a [Giancarlo] Giorgetti? Na cara do superministério! É óbvio que a realidade não corresponde ao que foi solicitado”, escreveu Morra referindo-se ao escolhido do partido ultranacionalista Liga.
A tensão no M5S pode atrapalhar a votação de confiança de Draghi no Senado, mas os líderes da sigla garantem que manterão sua palavra de apoio total ao novo governo