
A desaceleração da economia global está dando uma oportunidade à máfia italiana de comprar empresas em dificuldades e aumentar sua participação na economia, de acordo com relatório dos serviços de inteligência do país.
Os criminosos estão procurando usar o dinheiro do tráfico de drogas e de outras atividades ilegais para comprar participações nos setores de varejo, turismo e imobiliário da Itália, disse o relatório ao Parlamento.
"O desemprego e a redução do crédito têm sido, e devem continuar a representar, condições favoráveis para a exploração pelo sistema criminoso", disse o documento.
Empresas com problemas de caixa se tornaram vulneráveis a agiotas e mafiosos, acrescentou. O crime organizado também poderia encontrar novos recrutas entre o crescente número de desempregados.
Acredita-se que as quatro maiores organizações mafiosas da Itália -'Ndrangheta, da Calábria; Cosa Nostra, da Sicília; Camorra, de Nápoles; e Sacra Corona Unita, de Apúlia- sejam responsáveis por uma grande parte da produção econômica do país.
O ministro do Interior, Roberto Maroni, estimou que somente a 'Ndrangheta tenha rendimento de 57,1 bilhões de dólares por ano, grande parte graças ao tráfico de drogas na Europa.
O relatório de inteligência não ofereceu números, mas advertiu que a 'Ndrangheta era a "mais traiçoeira e difundida expressão da criminalidade" na Itália.
O documento indicou também preocupação sobre a infiltração do grupo em obras públicas.
O primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, promete um amplo programa de obras públicas para impulsionar a economia que, de acordo com a maioria dos analistas, terá contração de cerca de 3 por cento este ano.