Absolvido por ter abandonado o campo em protesto contra insultos racistas, o meio-campista ganense Sulley Muntari, do Pescara, desabafou e disse que foi tratado como um “criminoso”.
O episódio aconteceu quando Muntari foi alvo de coros discriminatórios por parte da torcida do Cagliari em uma partida da Série A. O ganense reclamou com o juiz e pediu a interrupção do jogo, mas não foi atendido e ainda levou cartão amarelo.
Irritado, ele abandonou o gramado sem autorização do árbitro e foi advertido novamente, o que causou sua expulsão. No julgamento em primeira instância, o comitê disciplinar da Lega Serie A suspendeu Muntari por uma partida e absolveu o Cagliari, alegando que as ofensas racistas envolviam apenas cerca de 10 torcedores.
No entanto, o gancho foi anulado pela corte de apelação da Federação Italiana de Futebol (Figc).
“Fui tratado como um criminoso. Como eu poderia ser punido se fui vítima de um ato racista? É como se finalmente tivessem me escutado”, disse o ganense ao site da Federação Internacional dos Jogadores Profissionais de Futebol (FIFPro).
Muntari também contou que se sentira “isolado e nervoso” nos últimos dias, mas ressaltou que sua vitória é uma mensagem de que “não há espaço para o racismo no futebol ou na sociedade”.
“Espero que isso signifique um momento de reviravolta na Itália e mostre o que quer dizer lutar pelos próprios direitos”, acrescentou.
Essa não foi a primeira vez que Muntari sofreu discriminação no país. Em 2015, quando defendia o Milan, ele foi criticado pelo líder do partido ultranacionalista Liga Norte, Matteo Salvini.
“Os imigrantes que trabalham bem são bem-vindos. Sendo assim, Muntari pode voltar para casa”, disse o político na ocasião.
Episódios de preconceito racial são frequentes no futebol italiano, tanto por parte da torcida quanto dentro de campo, e as punições para esse tipo de ofensa costumam ser bastante brandas.