
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviará nos próximos dias uma carta ao governo italiano defendendo a posição brasileira de conceder refúgio político ao extremista Cesare Battisti, ex-integrante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).
Condenado a prisão perpétua à revelia em seu país de origem por supostamente ter coordenado o assassinato de quatro pessoas, Battisti deve ter seu processo de extradição paralisado e pode ser colocado em liberdade a qualquer momento.
A decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, favorável a Battiti, anula o pedido de extradição formulado pelo governo da Itália, mas a consolidação do processo depende de aval do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em decisão plenária, precisa arquivar a solicitação de envio do italiano a seu país de origem.
O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, enviu um decumento de repúdio ao Brasil no sábado. De acordo com Baumbach, apesar disso, o presidente Lula tomou conhecimento oficialmente de seu teor apenas nesta segunda-feira. "A carta (…) foi recebida no sábado à tarde. O embaixador italiano transmitiu pessoalmente a carta ao gabinete (do presidente)", disse.
"O presidente tomou ciência hoje (da carta) e certamente responderá a essa carta. O natural é que essa carta seja respondida por outra carta", declarou o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach. "Será respondida dentro do prazo que for necessário."
Ao contrário do governo italiano, que divulgou a carta à imprensa antes de enviá-la ao Brasil, o governo brasileiro não pretende tornar pública a argumentação do presidente Lula pró-Battisti.
"A decisão foi tomada e é uma decisão soberana do governo brasileiro. O governo brasileiro vai responder a essa carta e não pretendemos antecipar seu conteúdo", afirmou o porta-voz.