O primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, evitou entrar em polêmica com a prefeita de Roma, Virginia Raggi, por causa da desistência da disputa para sediar os Jogos Olímpicos de 2024, mas não poupou críticas ao seu partido, o populista e antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S).
Em entrevista ao programa de TV "Otto e mezzo", o premier disse que considera o abandono da candidatura um "caso encerrado" e que ninguém pode organizar as Olimpíadas contra a vontade da Prefeitura.
"Na campanha eleitoral, Virginia Raggi tinha prometido fazer um referendo, mas a decisão é sua. Respeito e desejo boa sorte. Se ela diz não às Olimpíadas, então falemos de outra coisa", declarou Renzi, que afirmou "torcer" pelo bem da capital italiana.
Por outro lado, o primeiro-ministro questionou os argumentos do M5S para abdicar do projeto olímpico, como as frequentes denúncias de corrupção envolvendo grandes obras e megaeventos.
"É impressionante que não se possa fazer [os Jogos] pelo perigo de alguns roubarem. Nós políticos devemos assumir a responsabilidade de fazer as coisas. Os grillini teriam oito anos para organizar Roma", salientou o premier, referindo-se aos adeptos de Beppe Grillo, líder do Movimento 5 Estrelas.
O partido sempre foi contra a realização das Olimpíadas e fez pressão para que Raggi desistisse da candidatura, que havia sido confirmada um ano antes pelo seu antecessor, Ignazio Marino. A própria Raggi já tinha se pronunciado contra os Jogos durante a campanha eleitoral, e seu "não" era esperado desde que assumiu o poder, em junho de 2016.
Contudo, o abandono ocorreu no momento em que a prefeita é bastante questionada por ter nomeado pessoas investigadas para seu gabinete. Por conta disso, ela passou a sofrer críticas até entre as bases do M5S, que depois a elogiaram de forma praticamente unânime pela desistência do projeto olímpico.
"No caso das Olimpíadas, o ponto impressionante é que foi como se os grillini tivessem dito: não somos capazes de mudar as coisas", acrescentou Renzi, que era a favor de sediar os Jogos de 2024. (Ansa)