Enquanto a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) pode ter uma série de efeitos negativos para o governo de Londres, o mesmo não se pode dizer da Itália, que, de acordo com especialistas, pode aproveitar o espaço deixado dentro do bloco econômico, reforçando sua posição e aumentando sua relevância política.
O premier da Itália, Matteo Renzi, que muitas vezes se queixou de ser deixado de lado dentro do bloco, foi convocado junto a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, logo após o resultado do referendo se tornar público, mostrando que ele pode finalmente assumir o tão almejado protagonismo dentro do bloco europeu.
Nos dias seguintes ao anúncio do Brexit, enquanto Merkel pediu calma e Hollande parecia desolado, Renzi tinha um ar quase empolgado. Sua reação foi clara. É preciso respeitar a decisão dos britânicos e realizar reformas na UE e esta pode ser sua oportunidade para isso.
O professor de Relações Internacionais da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap) Marcus Vinicius de Freitas explicou, em entrevista à ANSA Brasil, que a Itália, como a quarta economia do bloco, deve ter mais protagonismo com a saída do Reino Unido, lembrando que não existe vácuo de poder.
"Quando o Reino Unido sair, a Itália assumirá o posto de uma das maiores economias dentro do bloco. E com o encontro com Merkel e Hollande, a Itália volta a ter uma posição na mesa de negociação", destaca. Freitas ainda acredita que, se essa posição for confirmada, Roma conseguirá levar a pauta da UE problemas que até então eram considerados apenas italianos, com a alta entrada de imigrantes na Europa pelo sul da Itália, através do Mar Mediterrâneo.
Para o italiano Roberto Sommella, autor do livro "Euxit: Saída de Segurança para a Europa", a Itália pode e deve ter um papel no bloco, "mas sem os complexos de inferioridade nos embates com a Alemanha".
"Neste processo, nós italianos podemos ter um papel decisivo.
Não nos esqueçamos que são sempre italianas as embarcações que salvam milhares de vidas humanas no Mediterrâneo. É a maior mensagem de paz e de solidariedade que se pode dar nestes momentos difíceis e esse é um sinal italiano".(Ansa)