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Mesmo com Estado Islãmico, Itália defende solução política para a Líbia

O ministro italiano das Relações Exteriores, Paolo Gentiloni, discursou para o Parlamento e disse que a única solução para a crise na Líbia é a diplomacia.

 

Segundo ele, a situação no país está se deteriorando e é preciso "uma mudança de passo" no esforço diplomático porque "a única solução possível à crise é aquela política". O chanceler destacou que a Itália não quer criar uma "cruzada ou uma aventura" para derrotar os terroristas do Estado Islâmico (EI, ex-Isis).

 

"Enquanto as negociações movem seus primeiros passos, a situação se agrava. O tempo não é infinito e há o risco dele acabar de pressa, prejudicando os frágeis resultados obtidos até agora. Há um evidente risco de união entre os grupos locais e o Daesh [como o EI é conhecido no mundo árabe] que pede a máxima atenção", destacou o ministro.

 

Gentiloni ainda destacou que a Itália "está na primeira fila" para combater os jihadistas, mas que vai fazer isso de maneira democrática e "em amizade com a grande maioria da comunidade islâmica, que refuta o sequestro de sua própria fé". O chanceler comentou que teve uma conversa com o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, para informá-lo sobre a situação da Líbia.

 

Ao Parlamento, o ministro destacou ainda que a situação na Líbia chegou a esse ponto também por "erros" da comunidade internacional em ajudar o povo local a "suceder o velho regime".

 

Desde a queda de Muammar Kadafi, em 2011, a violência no país veio aumentando gradativamente. Diversos grupos terroristas foram controlando áreas do país, levando todo o território a uma guerra civil. Agora, pela fragilidade do sistema, os extremistas do Estado Islâmico estão dominando algumas cidades próximas ao Mar Mediterrâneo – a cerca de 350 quilômetros da Itália.

 

O discurso ao Parlamento ocorre menos de 24 horas depois que o Ministério liberou o envio de 4,8 mil militares para locais considerados "sensíveis" ao ataque de terroristas no país, como Embaixadas, aeroportos, estações, centros para imigrantes e de polícia.


Reunião Conselho de Segurança

 

Sobre a reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), Gentiloni destacou que espera que "o Palácio de Vidro [referência à sede da entidade] veja a necessidade de redobrar os esforços para favorecer o diálogo político" na Líbia.


Imigração

 

O ministro das Relações Exteriores também destacou o problema da imigração ilegal para a Europa. Segundo ele, a crise na Líbia pode "agravar o drama de milhares de pessoas que fogem em barcos até a nossa costa".

 

Ele afirmou que, do início do ano até hoje, o número de embarcações que chegaram ao país aumentou em 59% em relação ao mesmo período do ano de 2014. Ao todo, chegaram 5302 pessoas contras as 3338 do ano passado. Gentiloni voltou a pedir que a Europa dê mais recursos para salvar e evitar essas imigrações em massa.

 

Apesar do risco de terroristas chegaram à Itália se "disfarçando" de imigrantes, Gentiloni defendeu que as pessoas necessitadas devem ser atendidas. "De frente ao crescimento da onda imigratória, uma coisa é certa. Não podemos virar as costas e deixar os migrantes à própria sorte. Não seria digno de humanidade e de civilidade que sempre fez a Itália grande", ressaltou.

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