Logo após garantir que continuará na vida política apesar de seus problemas com a Justiça, o ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi deu uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (23), durante a qual expôs a posição do seu partido, o centro-direitista Forza Italia (FI), nos principais temas em discussão atualmente no país, a começar pelo matrimônio entre pessoas do mesmo sexo.
O ex-premier defendeu a adoção de um modelo igual ao da Alemanha, onde a figura jurídica do casamento só pode juntar um homem e uma mulher, enquanto a chamada união civil é destinada somente aos homossexuais. "A lei alemã é o compromisso certo entre a liberdade de todos e o profundo respeito pelos valores cristãos e da família", disse.
A questão tem provocado polêmica na Itália, já que muitos prefeitos passaram a registrar em suas cidades matrimônios entre gays celebrados no exterior, provocando a ira do ministro do Interior Angelino Alfano, de orientação conservadora. Por outro lado, o premier centro-esquerdista Matteo Renzi, cujo governo é fruto de uma delicada aliança com parte da centro-direita, prometeu legalizar as uniões entre pessoas do mesmo sexo.
"Mas a família permanece no centro da nossa visão, e vamos defendê-la como uma comunidade fundada por um homem e uma mulher", ressalvou o ex-primeiro-ministro. Ele também abordou outro assunto controverso, ao propor a concessão do "ius soli", ou "direito de solo", para filhos de imigrantes que completem um ciclo escolar e conheçam a história italiana. Por meio desse princípio, a nacionalidade é reconhecida de acordo com o local de nascimento do indivíduo.
Atualmente, a Itália adota o "jus sanguinis", que prevê a concessão da cidadania de um país de acordo com a ascendência da pessoa. Ou seja, se os pais da criança são italianos, ela também tem direito de sê-lo. Ao adotar o "ius soli", Roma tiraria da ilegalidade filhos de imigrantes clandestinos que cumprem os requisitos necessários.
"Era uma proposta nossa, fizemos até uma intervenção sobre isso", declarou Berlusconi.