A União Europeia ganhou o Prêmio Nobel da Paz neste ano, mas, para muitos políticos, diplomatas, funcionários públicos e até jornalistas, a organização parece uma câmara de tortura.
Cada vez mais, a Europa é governada à noite, por líderes num avançado estado de exaustão, desrespeitando evidências científicas de que isso pode levar a decisões ruins, ou à indecisão.
Nos últimos três anos, a UE realizou 25 cúpulas para tentar resolver sua crise da dívida e os problemas econômicos dela decorrentes. Poucas vezes essas reuniões terminaram antes de 3h ou 4h da madrugada — geralmente, após 12 horas ou mais de negociações quase infrutíferas.
Some-se a isso mais de 40 reuniões de ministros de Finanças –a última delas encerrada às 5h da última quarta-feira, novamente sem acordo–, e é fácil entender como um conjunto de instituições criadas para promover a paz e a estabilidade na Europa pode acabar causando frustração, raiva e dor de cabeça.
"Digamos assim: acordei às 5h ou 5h30 ontem, e acabamos de manhã, por volta de 4h", queixou-se o premiê eslovaco, Robert Fico, depois da frustrante cúpula anterior, em outubro. "É assim que todos nós operamos, adotamos decisões muito sérias sob pressão", disse.